A presidente do Parlamento Europeu alertou esta quarta-feira que a capacidade de a União Europeia continuar unida depende das decisões que tomar sobre o alargamento a países que trabalharam para atingir os valores e lutam pelos princípios defendidos pelo bloco.

“Se estamos dispostos a dizer que sim, não se trata apenas de economias e números, ou de quantos lugares e poder vai para esta ou aquela instituição, é sobre se a União Europeia [UE] quer ser uma potência democrática global onde temos um adversário comum“, disse Roberta Metsola no Fórum Económico Mundial, em Davos.

Chegou o momento de enfrentar decisões cruciais, na próxima semana e nos próximos meses. Manter essa unidade dependerá de podermos tomar as decisões que nos esperam”, acrescentou.

Metsola lamentou que no passado não tenha havido qualquer reação à “chantagem” e às “ameaças” da Rússia contra a UE.

“Durante demasiado tempo, desviámos o olhar quando os nossos parceiros países limítrofes da Rússia nos disseram que tinham problemas. Era fácil para nós continuar a depender do gás, alguns países a 100%, sem considerar seriamente criar uma união energética em que dependíamos uns dos outros e não de um país que nos pudesse cortar [abastecimento] a qualquer momento”, refletiu.

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A presidente do Parlamento Europeu afirmou que o bloco não pode agora correr o risco de causar mais instabilidade nos vizinhos da Rússia “por não conseguirmos agir”.

Também o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, defendeu em Davos o poder coletivo do bloco, dizendo que para o fortalecer os grandes países da UE devem ceder parte da sua soberania na política externa.

“Somos mais fortes se estivermos unidos”, afirmou Rute e “se Roma, Paris ou Berlim quiserem continuar a ser poderes de política externa por si só, será muito difícil para a UE aproveitar o poder coletivo”, afirmou.

Sem ser necessário abdicar cada um da sua própria política externa, disse, argumentando: “Somos nações soberanas independentes, se queremos aproveitar o poder coletivo e o poder económico (da UE) e projetar isso à escala global, temos de coordenar mais”.

Num debate sobre a unidade europeia num mundo em desordem, o chefe do Governo neerlandês sustentou que uma das questões mais difíceis que a UE tem de resolver a longo prazo é “sair da unanimidade no Conselho Europeu para questões como sanções e declarações sobre os direitos humanos”.

A nível económico, Rutte lembrou que a UE é “maior do que os Estados Unidos e a China”, mas se não unir “o PIB coletivo, não será tão eficaz como deveria ser”.