As tripulações dos navios de investigação oceanográfica nos Açores estão em greve ao trabalho noturno, há quase um ano, sem que a reivindicação para integrarem a categoria de marítimos tenha sido atendida.

“Estes trabalhadores já estão há quase um ano em greve ao trabalho noturno porque, até ao momento, ainda não existiu qualquer sinal para a integração destes trabalhadores na categoria de marítimos perante a Segurança Social”, explicou João Decq Mota, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, em conferência de imprensa, na cidade da Horta.

Segundo o dirigente sindical, havia a expectativa de que a integração na classificação de marítimos dos tripulantes do navio “Arquipélago” e da lancha “Águas Vivas”, pertencentes ao Instituto do Mar dos Açores (IMAR), ocorresse durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2022, na Assembleia da República, tal como tinha prometido o anterior Governo de António Costa.

“Ao contrário do afirmado pelo secretário de Estado da Segurança Social, que nós tenhamos conhecimento, não foram feitos quaisquer esforços legislativos e não existe qualquer vontade política, tendente à resolução deste problema, tanto da parte do Governo da República como do Governo Regional”, afirmou João Decq Mota.

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O coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas lamentou ainda que o problema destes tripulantes não fique resolvido com o Orçamento de Estado para este ano e acusou o IMAR de estar a contratar outras embarcações privadas para substituir os trabalhadores em greve, num claro “desrespeito” por aqueles profissionais.

“O IMAR tem estado a usar embarcações privadas para substituir os trabalhadores em greve, para executar projetos que habitualmente são executados a bordo do navio Arquipélago”, apontou o dirigente sindical, acrescentando que “esta atitude fura uma greve legítima e fundamentada”, além de demonstrar “um desrespeito da entidade patronal pelo direito à greve”.

Os cerca de dez tripulantes que prestam funções a bordo do navio “Arquipélago” e da lancha “Águas Vivas” estão em greve ao trabalho noturno (entre as 22:00 e as 07:00 do dia seguinte), por tempo indeterminado, desde 07 de junho de 2021, reivindicando a sua integração na categoria de marítimos, idêntica à da Marinha Mercante, tal como acontecia até dezembro de 1999.

Não entendemos a razão da demora e da negligência na resposta que permita as devidas correções nas categorias profissionais”, insistiu João Decq Mota, assegurando que os trabalhadores “não vão desistir” das reivindicações e ponderam mesmo avançar para “outras formas de luta”, que poderão passar por uma paralisação geral.