Um líder talibã admitiu que as mulheres afegãs podem ter direitos, mas nem todas, excluídas estão as “mulheres malandrecas” que impõem ideias feministas contra o regime. “Quando falamos em ‘mulheres malandrecas’ é uma piada que se refere às que são controladas por outros, e que colocam o governo em questão”, explicou Sirajuddin Haqqani, ministro do Interior do Afeganistão e um dos homens mais procurados pelo FBI  à CNN.  Em entrevista, atacou sistematicamente os direitos das mulheres afegãs, que cada vez têm mais restrições à sua liberdade.

Mulheres no Afeganistão obrigadas a usar burca em público

Haqqani prometeu “boas notícias” sobre o tema das mulheres do Afeganistão, nomeadamente na possibilidade de as raparigas poderem frequentar a escola: “As raparigas têm permissão para ir à escola até ao 6º ano, após isso, trabalhar continua a ser um bom mecanismo”.

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Foi aí que disse, entre risos: “Nós mantemos as ‘mulheres malandrecas’ em casa”. Sobre o uso de vestuário exigido pelo governo, Haqqani nega a obrigatoriedade do uso de burca ou hijab mas as últimas leis aplicadas no país mostram exatamente o contrário.

Afeganistão. Talibãs ordenam que apresentadoras de televisão cubram o rosto

“Não estamos a forçar as mulheres a vestir o hijab, apenas a aconselhá-las a usar de vez em quando… o hijab não é obrigatório, mas é uma ordem islâmica que todos devem implementar.” — reiterou Haqqani.

A CNN conversou com duas jovens que convivem diariamente com o sistema e regras impostas pelo governo. Ambas acreditam que as palavras do ministro do Interior não são credíveis e que acabarão por ser esquecidas como de todas as outras vezes. Fatima e Maryam, de 17 e 19 anos, acreditam que a única forma de terem direitos algum dia será por via de ajuda internacional.

“Passo a passo estão a tirar a nossa liberdade (…) Os talibãs dos dias de hoje têm as mesmas regras e costumes dos talibãs dos anos 90″ diz Fatima ao não reconhecer nenhuma mudança sobre o que são as imposições do regime.

“O governo inteiro é contra a educação das raparigas” diz Maryam “eu não acredito que o governo talibã cumpra as ‘promessas’… eles não percebem como nos sentimos”.