O Tribunal de Braga condenou esta quinta-feira a um ano e cinco meses de prisão, com pena suspensa, um septuagenário da Póvoa de Lanhoso que perseguia e importunava mulheres, dirigindo-lhes cartas de amor alternadas com outras de cariz sexual.

O arguido, um alfaiate reformado com 72 anos, foi condenado por dois crimes de perseguição e dois crimes de importunação sexual.

No julgamento, justificou o envio das cartas com o alegado sentimento de solidão que o assolou a partir do momento em que se aposentou, em 2016.

Disse ainda que pretendia “obter alguma correspondência” por parte das destinatárias, acrescentando que se limitou a manifestar “um sentimento platónico”, pois, à data, já tinha 70 anos e jamais tencionou terminar a sua relação conjugal, que já dura há 43 anos.

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Entre as destinatárias, contam-se quatro jornalistas da RTP, tendo o arguido alegado que lhes escreveu para “testar” a sua “capacidade de sedução”.

Após uma primeira carta em que manifestava o seu amor pelas destinatárias, o arguido, como não obtinha resposta, voltava à carga, enviando novas missivas num tom menos respeitador, algumas vezes injurioso e com referências de cariz sexual.

Acabou por ser condenado pelas cartas que enviou a uma jornalista da RTP e a uma dirigente de uma associação da Póvoa de Lanhoso, no distrito de Braga.

Neste último caso, o arguido colocar-se-ia com frequência à porta da associação, tendo chegado a injuriar a dirigente.

Na década de 70, o arguido cumpriu serviço militar na guerra em Angola, tendo, nessa sequência, desenvolvido perturbação de stress pós-traumático e passado a tomar medicação ansiolítica, com prescrição médica.

Em tribunal, disse que, quando escrevia as cartas, se inspirava num livro que já tinha lido nesse período da guerra do Ultramar.

Manifestou arrependimento e pediu desculpa às vítimas.

Vai ter de pagar 500 euros a cada uma e de frequentar um programa específico de prevenção de condutas típicas da perseguição.

O arguido terá dirigido cartas a oito mulheres, mas algumas desistiram da queixa e noutros casos o teor dos escritos não foi considerado ofensivo.