O epidemiologista Manuel Carmo Gomes disse, esta quinta-feira, que Portugal “ultrapassou o pico” da pandemia de Covid-19 a 20 de maio. O número de casos diários já está a descer, assim como o índice de transmissibilidade — R(t) —, em queda desde 10 de maio, situando-se neste momento nos 0,97 (abaixo do limite recomendado de 1).

“Estamos a detetar uma variação negativa”, referiu o especialista em declarações à Rádio Observador, que descreveu que em Portugal não se está a verificar um “planalto”, cenário em que as infeções diárias se mantêm elevadas, se bem que ainda sejam preciso mais “sinais de confirmação” para ver se esta tendência de descida se prolonga no tempo.

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No que diz respeito aos hospitais, Manuel Carmo Gomes revelou que a tendência de subida dos internamentos nas enfermarias que se estava a reportar estabilizou, o mesmo acontecendo com os óbitos. “Precisamos de mais alguns dias para confirmar isto”, ressalvou, indicando que Portugal regista uma média, a sete dias, de 32 óbitos por dia — e 78% das mortes são em pessoas com mais de 80 anos.

Sobre a manutenção de regras da pandemia que o Governo anunciou esta quinta-feira, Manuel Carmo Gomes concorda com esta decisão e é desfavorável a um aumento de restrições. “Qualquer decisão que se tome tem sempre desvantagens e inconvenientes”, notou, acrescentando que é “sensato” manter as regras sanitárias vigentes.

O epidemiologista recomenda o uso de máscara em sítios fechados, mas é contra a sua obrigatoriedade. Fazendo uma comparação com a lavagem das mãos antes das refeições, Manuel Carmo Gomes sublinhou que ninguém obriga a população a fazê-lo, apesar de ser recomendável.

Embora a tendência de descida, Manuel Carmo Gomes prevê que, nas celebrações dos Santos Populares, possa haver uma subida no número de casos. Contudo, não deve ser motivo para alarme, afirmou o especialista, que acredita que “tudo voltará ao normal” — tal como aconteceu, por exemplo,  no Carnaval.