O homem acusado de tentar matar a namorada durante uma festa na praia fluvial de Adaúfe, em Braga, confessou esta sexta-feira as agressões, alegando que teve uma “paragem cerebral” quando a viu a ter relações sexuais com um amigo.

No início do julgamento, no Tribunal de Braga, o arguido, de 33 anos, disse ter “perfeita noção da gravidade” dos seus atos mas sublinhou que “em momento algum quis tirar a vida” à namorada.

“Tive uma paragem cerebral, tive uma explosão”, referiu, aludindo ao momento em que viu a namorada a ter relações sexuais com um amigo. O arguido admitiu que encetou uma discussão com a namorada, que os dois se envolveram em agressões e que acabou por “perder a cabeça”.

Disse que agrediu a namorada com murros e, eventualmente, pontapés na cara, no peito e na cabeça, só tendo parado quando a viu com a cara “coberta de sangue”. “Fiquei em pânico e saí dali a correr, para pedir auxílio”, disse ainda.

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Os factos remontam a 4 de setembro de 2021, quando o arguido e a namorada foram participar numa festa de aniversário de um amigo, na praia fluvial de Adaúfe, em Braga, que incluiria a pernoita no local, na modalidade de acampamento.

Na madrugada do dia seguinte, o arguido terá apanhado a namorada em flagrante a ter relações sexuais com um amigo que também participava na festa. “Aquilo para mim foi ver uma casa a desabar”, disse o arguido.

Segundo a acusação, o arguido tinha um comportamento “possessivo e ciumento” para com a namorada, “exigindo que fosse submissa e que lhe obedecesse, principalmente à frente dos seus amigos”.

Na noite dos factos, e ainda segundo a acusação, o arguido, após ter visto a namorada com um amigo, apertou-lhe o pescoço, arrastou-a, agarrou-a pelos cabelos e começou a bater com cabeça da ofendida no chão.

Já com a vítima no chão, o arguido desferiu, “violentamente, vários socos na cabeça, nariz e boca e, nessa sequência, a ofendida começou a engolir sangue”.

A vítima terá tentado gritar várias vezes, “altura em que o arguido “pegou em terra e erva seca, encheu-lhe a boca com tais elementos e fechou-lhe, à força, a boca, impedindo-a de respirar”. As agressões só pararam quando a vítima “optou por se fingir de morta, não se mexendo e permanecendo com os olhos fechados”.

Mesmo assim, o arguido “ainda abanou a ofendida para confirmar se estava morta, levantou-se e pisou-lhe o rosto duas vezes, sem que a ofendida tivesse reagido”. A ofendida perdeu os sentidos.

O arguido garantiu que a vítima esteve sempre consciente. Pediu desculpas pelos seus atos e manifestou arrependimento. “O meu ato é de uma gravidade enorme”, referiu, negando, no entanto, qualquer comportamento possessivo em relação à namorada. O arguido responde por um crime de homicídio qualificado na forma tentada, encontrando-se em prisão preventiva.