O Kremlin estará a considerar uma segunda ofensiva contra Kiev, revelou esta sexta-feira o órgão russo de jornalismo independente com sede na Letónia, Meduza. Com o avanço das tropas russas na região do Donbass, o regime de Vladimir Putin admite não só uma segunda tentativa de conquistar a capital ucraniana, como também acredita numa vitória antes do final do ano.

Duas fontes ligadas ao Kremlin e uma outra próxima de Vladimir Putin garantiram ao Meduza que a ideia de um segundo ataque a Kiev tem prevalecido igualmente entre os dirigentes do principal partido da Rússia.

O líderes russos terão estabelecido objetivos mínimos e máximos para declarar uma vitória sobre a Ucrânia. Os mínimos, segundo explica o Meduza, passam pela conquista dos territórios no Donbass — algo que as tropas russas estarão próximas de alcançar, com 95% da região na posse das tropas de Moscovo.

Já o plano maior passa mesmo pela conquista de Kiev. De acordo com as fontes do Meduza, os principais líderes do Kremlin, ligados ao principal partido do país, não terão abandonado a ideia de tomar a capital da Ucrânia.

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“Vamos triturá-los [os ucranianos] no final”, disse uma das fontes. “O conflito todo provavelmente terá terminado no final do Outono.”

As fontes não foram claras quanto à estratégia pensada para ocupar Kiev, mas o Meduza tinha já afirmado anteriormente que Moscovo não conseguirá cumprir este objetivo “com pouco derramamento de sangue”.

Até agora, têm sido utilizados principalmente soldados contratados para lutar. Há soldados contratados em número suficiente para um avanço relativamente lento pela Ucrânia”, explicou uma das fontes ligada ao Kremlin. “Mas pode utilizar-se recrutas se for necessário avançar rapidamente. Afinal de contas, é um exército.”

Os dirigentes ligados ao Kremlin não alimentam a ideia de que os países do Ocidente continuem a apoiar, quer financeiramente quer militarmente, a Ucrânia com o mesmo vigor e durante muito mais tempo: “É tanto dinheiro e tantas armas. E eles precisam de ambos para eles mesmos“, defendeu uma das fontes.

Neste momento, parece que acontece pouco na linha da frente. O exército russo está a capturar algumas localidades mais pequenas e a encontrar diversos obstáculos”, revelou uma outra fonte ao Meduza. “Mas acontece assim porque os ucranianos não se renderam imediatamente, como muitos pensaram que aconteceriam. Por isso sim, o ataque relâmpago falhou, alguns cálculos tomados como certos falharam, mas isso não significa que a vitória não seja possível.”

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase quatro mil civis, segundo a ONU. Os números reais, contudo, deverão ser mais elevados.