As organizações de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) e Amnistia Internacional (AI) pediram, esta quinta-feira, ao Governo cubano para libertar “imediatamente” os artistas Maykel Castillo Pérez e Luis Manuel Otero Alcántara, que vão ser julgados na próxima semana.

“Maykel Castillo Pérez [“El Osorbo”] e Luis Manuel Otero Alcántara estão a ser processados por exercer o seu direito humano de criticar seu próprio governo“, disse a diretora interina para as Américas da HRW, Tamara Taraciuk Broner, em comunicado.

Otero Alcántara, artista e líder do Movimento San Isidro (MSI) e detido desde 11 de julho de 2021, é acusado dos alegados crimes de indignação contra os símbolos do país, desprezo e desordem pública.

Já o ‘rapper’ Maykel Castillo Pérez, conhecido como El Osorbo, que está preso desde maio de 2021, é responsável, segundo o Ministério Público, pelos presumíveis crimes de desacato, “difamação de instituições e organizações e de heróis e mártires“, ataque e distúrbios em público.

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O Ministério Público pede entre sete e 10 anos de prisão para cada um.

A diretora para as Américas da AI, Erika Guevara-Rosas, assegurou, por sua vez, que “os governos da América Latina e da Europa deveriam acompanhar de perto o julgamento desses presos de consciência cubanos, que nunca deveriam ter passado um dia na prisão”.

O julgamento não está vinculado aos protestos antigovernamentais de 11 de julho de 2021, mas sim por eventos controversos ocorridos em 4 de abril do mesmo ano.

Nesse dia, El Osorbo, cointérprete da canção “Homeland and Life” — mais tarde o ‘slogan’ dos protestos de 11 de julho –, foi detido após confrontos com a polícia, aparentemente, porque o seu companheiro não estava a usar máscara.

Após a ocorrência, o ‘rapper’ fugiu para a casa de Otero Alcântara onde gritou palavras de ordem contra o Governo, segundo o Ministério Público.

O cantor só foi detido um mês depois, permanecendo na prisão desde então.

O Ministério Público também inclui no seu relatório outros factos anteriores que considera constituir crime dos dois dissidentes.

São referidos eventos como “mensagens ofensivas contra a bandeira” nas redes sociais, fotografias com a bandeira nacional “enquanto realizam necessidades fisiológicas” e publicação de “memes [imagens humorísticas]” no Facebook para “ridicularizar e desacreditar” o Presidente do país, o primeiro-ministro e o parlamento.

Os artistas também são acusados de insultar o Presidente cubano, acusar o Governo nas redes sociais por “falta de recursos médicos” durante a pandemia e insultar o Ministério do Interior e as forças de segurança, entre outras acusações.

O caso inclui outras três pessoas sob investigação: Félix Roque Delgado (pedido de cinco anos de prisão por agressão), Juslid Justiz Lazo (cinco anos de trabalho prisional com internação por agressão) e Reina Sierra Duvergel (três anos de trabalho prisional sem internação por agressão).