O Presidente da Câmara do Porto disse “não ter qualquer conflito com o Governo” sobre a descentralização, garantindo que o diferendo existente é com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), a quem reiterou críticas.

“O nosso problema nesta matéria é com a ANMP. Prevenimos que não podiam negociar questões orçamentais em nosso nome, mas fizeram-no na mesma. Assim sendo, vamos sair [da Associação]. Não vão negociar mais nada em nome do Porto”, disse Rui Moreira.

O autarca, que na quinta-feira à noite participou num debate, na Póvoa de Varzim, sobre regionalização e descentralização, lembrou que a decisão do seu município foi tomada “não pela incapacidade de negociação [da ANMP], mas por a associação se ter apropriado de algo que compete aos órgãos autárquicos do Porto, que representam os munícipes”.

“A associação sabia que não podia comprometer o princípio da neutralidade orçamental que está previsto na lei, mas puseram ‘o pé em ramo verde'”, desabafou Rui Moreira.

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O edil revelou que houve intenção do governo em promover uma reunião para debater a saída do Porto da ANMP, mas afirmou que o encontro não chegou a realizar-se.

A ministra da Coesão Social [Ana Abrunhosa] disse-me que queira reunir-se comigo e com o ministro da Educação. Tive o cuidado de lhe perguntar se podia dizer publicamente que essa reunião iria ter lugar, e ela disse-me que sim. Mas parece que ficaram ofendidos por eu revelar essa informação. Ou, talvez, alguma associação não queria que isso acontecesse. Não houve reunião”, garantiu o presidente de Câmara do Porto.

Rui Moreira lembrou que mais municípios, além do Porto, estão a ponderar sair da ANMP, considerando que o desentendimento com esta entidade, sobre o tema da descentralização e da delegação de competências, “não é apenas das Câmaras do Norte, mas sim de todo o país”.

“Ainda recentemente li que os presidentes da Câmara de Coimbra e de Arganil disseram que admitiam sair da ANMP. Não é só na área metropolitana do Porto que há municípios a pensar assim, é em todo o país”, vincou.

Rui Moreira acha “natural” incentivo a parceiras com companhias aéreas estrangeiras

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, considerou ser “perfeitamente natural” que o Turismo de Portugal incentive parceiras com companhias áreas estrangeiras, nomeadamente a espanhola Iberia, em detrimento da TAP.

O autarca portuense considerou que Luís Simões, presidente do Instituto do Turismo de Portugal, mostrou “seriedade” ao ter promovido, numa reunião com agentes da região Norte, uma maior aposta no serviço da Iberia, perante o que é disponibilizado pela companhia de bandeira portuguesa TAP no aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Luís Simões “certamente está preocupado com o setor em todo o país, e não apenas em Lisboa. Não vejo motivo de escândalo ou perturbação. Mostrou seriedade ao dizer o que é evidente”, disse Rui Moreira.

O presidente da Câmara do Porto, que na quinta-feira à noite participou num debate, na Póvoa de Varzim, sobre regionalização e descentralização, considerou que, “se quem está à frente da TAP diz que a estratégia não passa pelo Porto, é preciso arranjar outras soluções”.

“A Iberia pode ser uma dessas soluções. Juntamente com a British Airways, têm uma enorme rede que cobre os Estados Unidos, a América do Sul e destinos africanos. A seguir a Lisboa, Madrid é o hub mais próximo que temos, e bem maior”, analisou Rui Moreira.

O autarca da ‘cidade invicta’ lembrou que várias companhias áreas de bandeira estrangeiras, e não apenas as low cost, “dizem que voar para o Porto é um bom negócio, mas a TAP continua a dizer que não é rentável”.

“Não damos subsídios para essas companhias [estrangeiras] prestarem o serviço no Porto, mas continuamos a subsidiar a TAP para se manter o ‘hub’ de Lisboa. Temos de questionar o que será melhor e mais barato para o país”, acrescentou.

Rui Moreira apontou, ainda assim, a necessidade do aeroporto do Porto ter voos diretos para alguns destinos estratégicos, nomeadamente para Nova Iorque, nos Estados Unidos, e partilhou que há abertura do Governo para apoiar companhias áreas que prestem esse serviço.

“Estamos a trabalhar nisso e o ministro [das Infraestruturas] Pedro Nuno Santos disse que está disponível para dar apoios, desde que encontremos companhias interessadas. E acredito que vamos encontrar”, concluiu Rui Moreira.