Dezasseis corpos de reféns detidos por um grupo rebelde foram descobertos esta manhã na aldeia de Katerin, no nordeste da República Democrática do Congo (RDC), disse à agência espanhola EFE o líder da sociedade civil.

Katerin fica a cerca de dois quilómetros da aldeia de Beu-Manyama, no território do Beni, localizada na província do Kivu Norte, onde pelo menos 21 pessoas foram mortas no sábado, num ataque do grupo rebelde ugandês Forças Aliadas Democráticas (FAD).

De acordo com Delphin Mupenda, coordenador de uma organização da sociedade civil no Beni, os corpos correspondem a reféns da FAD que foram executados.

“Estas pessoas tinham sido feitas reféns pelas FAD. Não sabemos porque foram mortos desta forma com machetes e depois alvejados. Já contactámos as autoridades locais bem como as FARDC [Forças Armadas da RDC]”, disse Mupenda à EFE, por telefone.

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O porta-voz das FARDC, Capitão Antony Mualishay, confirmou os ataques, dizendo que o exército tinha morto sete rebeldes e ferido vários na perseguição dos atacantes.

“Conseguimos reconquistar [controlar] a situação e enfraquecer a ação destes inimigos do país. Matámos sete membros da FAD e continuamos a persegui-los para libertar outros reféns”, disse o capitão à EFE.

A FAD é um grupo rebelde de origem ugandesa, mas que está atualmente baseada no nordeste da RDC, perto da fronteira ugandesa.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a FAD foi responsável por cerca de 1.260 mortes em 2021, o que a tornou no grupo armado mais letal da RDC.

Além disso, as autoridades ugandesas acusaram a FAD de organizar três atentados suicidas à bomba no seu território em novembro de 2021.

Os objetivos da milícia não são claros para além de uma possível ligação à organização terrorista do Estado Islâmico (EI), que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.

Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio direto do EI à FAD, os Estados Unidos identificaram os rebeldes como uma “organização terrorista” afiliada do grupo jihadista desde março de 2021.

O governo congolês impôs o estado de sítio no Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri em maio de 2021 para conter os grupos rebeldes, embora esta medida não tenha eliminado o problema.

A fim de neutralizar a FAD, os exércitos da RDC e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês no final de novembro de 2021.

Desde 1998, o leste da RDC tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão de paz da ONU, com mais de 14.000 soldados destacados.