Um tribunal excecional egípcio condenou Adbel Moneim Abou Foutouh, candidato perdedor nas eleições presidenciais de 2012, a 15 anos de prisão por “informação falsa” e “atentar contra a segurança do Estado”, disse este domingo uma fonte judicial.

Em prisão preventiva desde fevereiro de 2018 – um regime prisional limitado por lei a dois anos – Aboul Foutouh foi condenado juntamente com outros 24 opositores islâmicos.

Entre eles, Mahmoud Ezzat, antigo guia supremo da agora proibida Irmandade Muçulmana, já condenado a prisão perpétua por “espionagem”, e o número dois do partido Misr al-Qawiya, de Aboul Foutouh, Mohammed al-Qassas.

Aboul Foutouh foi preso quando regressava de Londres, onde tinha dado entrevistas criticando o governo e apelando a um boicote às eleições presidenciais que, sem surpresa, elegeram Abdel Fattah al-Sissi.

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Em 2012, foi candidato às eleições ganhas pelo muçulmano Mohamed Morsi – derrubado por Sissi, então chefe do exército, um ano mais tarde.

Aboul Foutouh, colocado na lista de “terroristas” e cujos bens foram confiscados durante quatro anos, foi acusado de ser membro de uma “organização ilegal” perante um tribunal antiterrorista.

Mas se anteriormente foi próximo da Irmandade Muçulmana, antes de ser afastado da sua liderança, em 2009, Aboul Foutouh defende-se agora dizendo não ter qualquer ligação com o grupo.

O seu advogado, Khaled Ali, figura de proa da esquerda e também antigo candidato presidencial, apresentou aos juízes, em abril, como prova de defesa, vídeos filmados pelos serviços secretos do Exército egípcio sem o conhecimento de Aboul Foutouh, em que este critica a Irmandade Muçulmana.

Segundo a Amnistia Internacional, o Egito detém o recorde mundial de condenações à morte, com mais de 350 em 2021.

O país tem mais de 60.000 prisioneiros de consciência, segundo as ONG, que são cautelosas quanto à oferta de “diálogo nacional” apresentada em finais de Abril por Sissi, mas que até agora só levou à libertação de cerca de quarenta prisioneiros políticos.