O surto de infeções pelo vírus Monkeypox em 30 países não endémicos sugere que os contágios estão a ocorrer há algum tempo, reconheceu a Organização Mundial da Saúde (OMS), instando as autoridades nacionais a expandirem a vigilância.

Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mais de 550 casos confirmados em 30 países onde a doença não é endémica foram já reportados à OMS, no âmbito do surto que teve início há cerca de um mês com casos de infeção pelo Monkeypox na Europa, incluindo Portugal, na América do Norte e no Médio Oriente.

“A OMS insta os países afetados a expandirem a sua vigilância e a rastrearem casos nas suas comunidades mais vastas”, salientou o diretor-geral da organização, alertando que qualquer pessoa pode ficar infetada com o vírus em caso de contacto próximo com uma pessoa doente.

Na conferência de imprensa, a responsável técnica para a Monkeypox, Rosamund Lewis, admitiu que o surgimento de infeções fora de África foi uma surpresa, embora a OMS esteja a acompanhar a doença há mais de 15 anos no continente africano, onde milhares de casos e mortes se verificam todos os anos.

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Segundo a OMS, África registou este ano 70 mortes por infeção pelo vírus Monkeypox.

Entre os cenários que estão a ser estudados sobre o surgimento do atual surto, consta a possibilidade de a imunidade de grupo que foi alcançada no início da década de 1980, quando a varíola foi erradicada, ter diminuído.

Portugal registou mais 19 casos confirmados de infeção com o vírus Monkeypox, totalizando até agora 119 situações de homens infetados que se encontram clinicamente estáveis, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o departamento liderado por Graça Freitas, a maioria das infeções confirmadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge foram notificadas em Lisboa e Vale do Tejo, mas também há registo de casos nas regiões Norte e Algarve.

“Todas as infeções confirmadas são em homens entre os 20 e os 61 anos, tendo a maioria menos de 40 anos”, avança ainda a DGS, adiantando que os casos identificados se mantêm “em acompanhamento clínico, encontrando-se estáveis”.

Na terça-feira, a DGS publicou uma orientação que define a abordagem clínica e epidemiológica dos casos de infeção humana por vírus Monkeypox, prevendo que as situações suspeitas sejam referenciadas rapidamente para observação médica e que os contactos assintomáticos podem continuar a manter as suas rotinas diárias, não necessitando de isolamento.

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O período de incubação varia entre cinco e os 21 dias, sendo em média de seis a 16 dias e os sintomas iniciam-se com febre, cefaleia, astenia, mialgia ou adenomegalias, aos quais se segue o aparecimento do erupção cutânea.