A Caixa

Hatzín é um adolescente que viajou da Cidade do Mexico até ao estado de Chihuahua, para vir buscar os restos mortais do pai, Esteban, encontrados numa vala comum, talvez vítima de um cartel da droga. Hatzín só conhece o pai de fotografias, mas quando se está a ir embora de autocarro com os restos mortais dele numa caixa, julga vê-lo vivo, nas ruas da vila. Apeia-se e vai interpelar o homem, mas este diz chamar-se Mario e não Esteban, e não o conhecer. O rapaz não acredita, fica na vila e começa a segui-lo. Realizado no México pelo venezuelano Lorenzo Vigas, “A Caixa” é um filme ambíguo e elíptico, sorumbático e duro, parte policial, parte social, e centrado no dilema moral do protagonista, posto perante um homem que poderá ser ou não o seu pai (e ele quer muito que o seja), e revela estar metido em atividades criminosas.

VIEIRARPAD

João Mário Grilo foi buscar a correspondência trocada por Maria Helena Vieira da Silva e o seu marido Arpad Szènes, da década de 30 aos anos 60, para servir de guia a este documentário em que destaca o grande amor que unia os dois pintores, as suas personalidades artísticas completamente diferentes e aquilo a que alguém chamou “o ‘ménage à trois'” que eles tinham com a pintura, a sua paixão comum. Recorrendo a imagens do filme de José Álvaro de Morais “Ma Femme Chamada Bicho”, datado de 1978 (“VIEIRARPAD” é, aliás, dedicado à memória de Morais e do seu diretor de fotografia, António Escudeiro), Grilo demora-se em momentos menos referidos da vida do casal como a sua estadia no Brasil durante a II Guerra Mundial, e dá tanta atenção à arte de Arpad (que excelente desenhador ele era) como à de Vieira da Silva.

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Revolta

Nesta primeira longa-metragem do crítico e argumentista Tiago R. Santos, as principais cidades portuguesas estão em revolta, devido à pandemia e à crise económica, e o governo está em perigo de ser derrubado nas ruas. Apesar da atmosfera insurrecional que se vive, o casal Paulo (Ricardo Pereira) e Teresa (Teresa Tavares) vai receber, no seu confortável e espaçoso apartamento, dois amigos para jantar. João (Cristóvão Campos), recentemente divorciado e em crise emocional, e Raquel (Margarida Vila-Nova), que passa o tempo a viajar pelo mundo. Nem Paulo conhece Raquel, nem esta e João se cruzaram alguma vez. “Revolta” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.