O NRP “Viana do Castelo”, da Marinha Portuguesa, inicia esta sexta-feira, em Cabo Verde, o regresso a Lisboa após uma missão de dois meses por vários portos africanos em que recebeu centenas de militares e deixou 15 toneladas de donativos.

“Foi uma experiência muito positiva para nós, como navio, como militares da Marinha Portuguesa, porque também aprendemos”, disse à Lusa o capitão-de-fragata Hugo Silva, comandante do NRP (Navio da República Portuguesa) “Viana do Castelo”, ancorado no Porto Grande, Mindelo, desde segunda-feira.

A ilha cabo-verdiana de São Vicente foi mesmo o último porto da missão do navio português, no âmbito da iniciativa “Mar Aberto”, da Marinha Portuguesa, que se iniciou a 11 de abril e deverá terminar na manhã de 9 de junho, na Base Naval do Alfeite.

Durante dois meses, o NRP “Viana do Castelo” esteve em Angola (Lobito e Luanda), São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Togo, Guiné-Bissau e Cabo Verde, com o comandante do navio a destacar a “grande vontade de apreender, de melhorar e de treinar” dos militares destes países, que realizaram treinos em conjunto com os operacionais portugueses.

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“Centenas de militares dos vários países passaram aqui, a bordo, em visitas ou em ações de treino”, sublinhou.

Além da componente de treino militar, o navio transportou material doado por instituições portuguesas, essencialmente livros, roupas, brinquedos ou mobiliário para escolas, que foi deixando pelos vários países ao longo da viagem.

Quando saímos de Lisboa tínhamos aproximadamente 15 toneladas de material que fomos deixando ao longo do nosso trajeto, em Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde (…) A iniciativa ‘Mar Aberto’ é uma missão de cooperação bilateral, em todos os portos, todos os países que visitamos tivemos a oportunidade de treinar, partilhar experiências com as Marinhas”, destacou ainda o capitão-de-fragata Hugo Silva.

A última etapa desta missão é concluída esta sexta-feira, com a prevista partida do Mindelo pelas 10h00 locais (12h00 em Lisboa) diretamente para a Base Naval do Alfeite, após uma “intensa atividade de cooperação entre a Marinha Portuguesa e Guarda Costeira”.

“Desde o dia 30 de maio até ao dia de hoje temos desenvolvido diversas atividades de cooperação com a Guarda Costeira de Cabo Verde. Fizemos exercícios com os nossos fuzileiros, juntamente com o pelotão de abordagem da Guarda Costeira, fizemos operações de mergulho em conjunto com os mergulhadores da Guarda Costeira e realizamos essas operações de mergulho aqui no ‘Viana do Castelo’ e no ‘Guardião’ [navio-patrulha cabo-verdiano]”, detalhou o comandante do navio português.

Os marinheiros portugueses e cabo-verdianos trocaram ainda experiências na “limitação de avarias”, como no combate a incêndios e a alagamentos a bordo, além da componente social que também se fez sentir em Cabo Verde.

“Nós, de Lisboa, trouxemos aproximadamente uma tonelada de material que foi doado por diversas instituições e organizações portuguesas a Cabo Verde. Desse material, o grosso era livros, roupas, alguns brinquedos, materiais de informática”, explicou o comandante.

À partida do Mindelo, Hugo Silva garante que a missão foi cumprida e que o objetivo da guarnição de 51 elementos do NRP “Viana do Castelo” é regressar às famílias, em Portugal, dois meses depois.

“Saudade de casa, sim. É uma missão longa, de dois meses. Efetivamente hoje a tecnologia vai-nos permitindo matar um bocadinho das saudades, com uma videochamada para a família, mas falta-nos aquele contacto”, disse ainda.