O Papa Francisco defendeu este sábado que cortar recursos destinados à saúde “é um atentado contra a Humanidade” e que é preciso “trabalhar para que todos tenham acesso a cuidados de saúde”, que devem ser “gratuitos”.

“Cortar recursos para a saúde é um atentado contra a Humanidade”, disse numa audiência com os dirigentes da Confederação Federsanitá, que reúne autoridades sanitárias locais, hospitais e centros médicos, bem como representantes da Associação de Municípios Italianos. “A pandemia ensinou-nos que o ‘cada um por si’ se traduz rapidamente em ‘todos contra todos’, aumentando o fosso das desigualdades e fazendo crescer os conflitos”, lembrou o Papa.

“Em vez disso, temos de trabalhar para que todos tenham acesso a ajuda, para que o sistema de saúde seja apoiado e promovido e para que [os cuidados de saúde] continuem a ser gratuitos”, acrescentou.

Francisco agradeceu o “compromisso” das lideranças locais de saúde, que “ajuda a manter a relação entre o centro e a periferia, entre o pequeno e o grande, forjando relações e promovendo a integração social e o bem-estar”.

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Ver um ‘eu’ em cada paciente (…) estimula-nos a reconhecermos que como ‘irmãos’, independentemente da língua, origem geográfica, condição social ou estado de saúde, seja as pessoas que encontramos nas enfermarias dos hospitais, nas casas de repouso ou nos ambulatórios”, afirmou, adiantando que é preciso garantir que “não haja doentes de classes ‘A’ e ‘B’.

Além disso, “devemos repensar o conceito de saúde a partir de uma perspetiva integral, englobando todas as dimensões da pessoa“, já que “tratar um paciente significa considerar não apenas a sua patologia, mas também o seu lado psicológico, social, cultural e espiritual”, alertou o Papa.

“Uma visão holística dos cuidados ajuda a contrariar a ‘cultura da rejeição’, que exclui aqueles que, por diversos motivos, não pertencem a determinados padrões. Numa sociedade que corre o risco de ver o doente como um fardo, um custo, é necessário voltar a focar no que não tem preço, não pode ser comprado ou vendido, ou seja, na dignidade da pessoa“, considerou.

O Papa adiantou ainda que é preciso dedicação ao bem comum “como remédio para a prossecução de interesses adquiridos”, já que “mesmo no campo da saúde, muitas vezes há a tentação de deixar prevalecer as vantagens económicas ou políticas de alguns grupos em detrimento da maioria”. E isso “também é verdade no campo das relações internacionais”, concluiu.