As autoridades polacas estão a recomendar aos cidadãos a recolha de lenha das florestas para aquecerem as suas casas, à medida que os custos de energia continuam a subir.

Para os opositores do Governo do país, esta recomendação é indicadora de quão fragilizada está a economia nacional com o aumento da inflação.

A inflação na Polónia já chega praticamente aos 14% e os preços dos combustíveis ultrapassam os 8 zlotys (aproximadamente 1,74 euros) por litro, sendo que o Governo do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, do partido Lei e Justiça, culpa a “Putinflação”, isto é, a invasão russa à Ucrânia, pelo aumento dos custos.

Mas os críticos do partido de Morawiecki afirmam que a guerra é apenas responsável por uma parte do problema, argumentando que os custos foram impulsionados como resultado de sete anos de políticas de despesas sociais do partido no poder, incluindo medidas como a distribuição de apoios financeiros a famílias com crianças e a idosos.

Os milhares de milhões de euros dos fundos da União Europeia (UE) podem aliviar a crise no país, mas o acesso a esta ajuda continua condicionado por Bruxelas a alterações ao sistema judicial da Polónia.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que esteve em Varsóvia na passada quinta-feira, o apoio financeiro europeu só chegará à Polónia quando o país aceitar cumprir algumas exigências, nomeadamente a de abolir a atual câmara disciplinar e substituí-la por um tribunal independente e imparcial estabelecido por lei.

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“Depois da visita de quinta-feira, posso dizer que teoricamente somos bilionários e na prática ainda estamos todos a recolher madeira do mato”, afirmou o líder do maior partido da oposição, Donald Tusk.

Sobre a recolha de lenha recomendada pelo Governo, Tusk acrescentou ainda que “esta parece ser a última ideia para prevenir a pobreza polaca que o Lei e a Justiça prepararam para todos nós”.

Há muito que o público tem sido autorizado a comprar os excedentes deixados depois dos abates nas florestas estatais.

“A recolha de ramos para combustível sempre foi permitida, com o consentimento do silvicultor”, afirmou o vice-ministro do Clima e do Ambiente, Edward Siarka, na semana passada.

Segundo o mesmo, desde o início da guerra na Ucrânia e consequente turbulência do mercado energético há cada vez mais pessoas a querer saber como obter lenha.