Dezenas de crianças cabo-verdianas assistiram pela primeira vez a uma peça de teatro, na Praia, na estreia do Teatro do Noroeste — Centro Dramático de Viana (TN-CDV) em África, disse à Lusa a presidente da companhia portuguesa.

“Tive a sensação que foi das maiores experiências que eu tive na minha vida, enquanto pessoa, enquanto atriz. E nós fazemos muito teatro para a infância, é uma das nossas grandes atividades. Mas foi especial, foi inesquecível para todos nós”, explicou Elisabete Pinto, que além de presidente do TN-CDV integra o elenco da peça infantil “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”.

A peça, adaptada de um texto de Jorge Amado, estreou-se na sexta-feira no Centro Cultural Português na cidade da Praia, para 160 crianças de escolas da ilha de Santiago, no âmbito da Mostra de Teatro Infantil do Mindelo (Motim), e a companhia, de Viana do Castelo, volta esta segunda-feira a representá-la, no mesmo festival, mas na ilha de São Vicente, em dois espetáculos.

“Esta experiência está a ser carregada de emoção, além da importância que é para a companhia, que está a assinalar os 30 anos de vida, podermos pela primeira vez apresentar-nos em África, e concretamente nestes dois sítios [Praia, ilha de Santiago, e Mindelo, ilha de São Vicente]”, sublinhou Elisabete Pinto, que em conjunto com Ana Perfeito e Alexandre Calçada interpreta a peça, encenada por Tiago Fernandes.

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“Foi uma verdadeira emoção, não só pelo facto de termos uma plateia de 160 crianças [no primeiro espetáculo, na Praia], que nos foi dito que era a primeira vez que vinham ao teatro, e isso para todos nós, para os três atores que fazemos o espetáculo, e para o resto da equipa que está cá, foi uma grande emoção. Porque, com tão pouco, vimos uma plateia de olhos a brilhar e a estarem a ouvir a nossa história (…) Inesquecível pelo silêncio que faziam, eles estavam a absorver tudo, era um silêncio até assustador”, disse ainda a responsável pela companhia.

“O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, explicou, é um espetáculo “filho da pandemia”, já que se estreou no início da covid-19, pelo que teve “uma carreira muito curta”, apesar do apoio à sua internacionalização concedido pela primeira vez à companhia vianense pela Direção-Geral das Artes (DGArtes), que devia ter acontecido em 2020 e que foi reprogramado para este ano.

“Com tão pouco tornamos pessoas tão felizes. E isso é muito especial, é marcante para a história da companhia”, disse.

Depois do Brasil e de vários países europeus, o TN-CDV estreia-se em África, através dos palcos de Cabo Verde, com estes três espetáculos.

“Neste ano em que estamos a fazer tantas iniciativas, também a assinalar os 30 anos, é mais marcante por isso. É muito especial e é um marco que fica para sempre, nos 30 anos da companhia apresentar-nos pela primeira vez aqui e temos muito também a agradecer termos conseguido esse apoio da DGartes, porque sem ele também não tínhamos conseguido vir”, concluiu Elisabete Pinto.