O PAN/Açores entregou nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa Regional, uma iniciativa para criar um sistema de incentivo à recolha e depósito de lixo marinho e devolução de artes de pesca em fim de vida utilizadas na pesca comercial.

Temos assistido ao crescendo da poluição marinha e da concentração de micro e macro plásticos nos oceanos, que provocam um significativo impacto nos ecossistemas e biodiversidade marinha, originando zonas mortas nos oceanos e diversas lesões e mortes de animais marinhos. Constitui também um perigo para a saúde humana, onde já tem sido identificada a presença de microplástico e nanoplástico na corrente sanguínea e nos tecidos de órgãos (pulmão, fígado e rins)”, descreveu o deputado Pedro Neves, citado num comunicado.

No Dia Mundial dos Oceanos o PAN alerta que “o material de pesca configura 27% do lixo marinho, onde cerca de 80% é constituído por plástico”.

“A permanência das artes de pesca nos oceanos afeta não só os ecossistemas e a biodiversidade marinha, como provoca danos para os setores da economia azul”, acrescenta. A iniciativa do PAN/Açores, que visa a devolução de artes de pesca em fim de vida utilizadas na pesca comercial, propõe, como contrapartida, “a atribuição de um prémio monetário ao armador”.

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“O armador pode optar pela aquisição de artes de pesca biodegradáveis comparticipadas pelo Governo Regional, bem como a implementação de chips de localização e rastreamento nas artes de pesca”, defende a proposta.

Em paralelo, o PAN/Açores pretende que seja criado “um repositório intermunicipal de artes de pesca em fim de vida”, de gestão partilhada com as comunidades piscatórias locais, com o intuito da reutilização e valorização desses objetos, em conformidade com o estado de degradação dos mesmos.

“Quando não for possível a valorização dos objetos, devem os mesmos ser reencaminhados para a reciclagem, preferencialmente”, explica o partido.

Pedro Neves considera que “é fundamental desenvolver projetos e criar mecanismos que permitam mitigar as repercussões devastadoras da permanência de lixo marinho nos oceanos”.

“Com esta iniciativa pretendemos, essencialmente, o envolvimento das comunidades piscatórias no combate à proliferação das «redes de pesca fantasma que configuram verdadeiras armadilhas para os animais marinhos”, acrescentou.