A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, afirmou esta quinta-feira que a saúde de todos em Portugal é uma “questão fundamental e prioritária”, devendo ser assegurada pelo Estado e não entregue a interesse de grupos privados.

“A CGTP decidiu realizar uma campanha nacional de defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo em conta que a necessidade de prevenção e do tratamento da saúde de todos em Portugal é uma questão fundamental e prioritária”, disse a líder da CGTP, em Lisboa, no final da conferência de imprensa de lançamento da campanha que vai decorrer ao longo deste ano.

E prosseguiu: “É [também] uma questão que tem de ser assegurada pelo Estado e não entregue ao interesse de grupos privados da saúde“.

Para a dirigente sindical trata-se de uma campanha que se destina a envolver “todos os trabalhadores, reformados e pensionistas”, e também “a população, através dos movimentos de utentes que participam e colaboram com a CGTP na organização de iniciativas e de ações em defesa e pelo reforço do SNS”.

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Além disso, esta campanha nacional, que se fará sob lema “Defender e Reforçar o Serviço Nacional de Saúde Público, Gratuito e Universal”, destina-se igualmente aos trabalhadores nos seus locais de trabalho, salientou a líder sindical da CGTP.

No discurso de apresentação, Isabel Camarinha realçou ainda que a campanha é orientada para os locais de trabalho e “à mobilização de quem trabalha ou trabalhou para as ações que defendam e promovam o reforço do SNS”.

“São eles e as respetivas famílias que em primeiro lugar sofrem o impacto do desinvestimento no SNS”, advertiu.

Apesar dos baixos salários e pensões, Portugal é um dos países da União Europeia (UE) onde a despesa corrente em saúde, diretamente suportada pelas famílias “é mais elevada (28%, face a 18% da média da UE) e dos que têm menor comparticipação do Estado (66,3% em comparação com 79,3% da média da UE), assinala a CGTP.

Para Isabel Camarinha, “não é aceitável”, já que o SNS “é indispensável” para continuar a assegurar cuidados de saúde “universais e integrados”, centrados no utente.

A CGTP defende um SNS “público, universal e gratuito, conquistado com a revolução de Abril”, sendo que só com o seu reforço, “livre da lógica do lucro” e alicerçado na prevenção e no tratamento da doença, permitirá satisfazer as necessidades da população.

A líder sindical realçou ainda nas declarações à imprensa no final da sua intervenção que os cuidados de saúde para todos “precisam de garantias do Estado” de que de fato “é cumprido” o que está na Constituição.

A central sindical exige assim um aumento do investimento que falta nos cuidados de saúde primários em meios técnicos e humanos, além de se atribuir um médico e enfermeiro de família a toda a população.

Exige ainda que sejam implementadas medidas que assegurem uma “resposta célere e eficaz” dos serviços públicos de saúde, com a entrada de mais profissionais e a passagem a efetivos de “milhares de trabalhadores” com vínculo de trabalho precário.

Isabel Camarinha defende o fim da política de subfinanciamento do SNS e que a eliminação das taxas moderadoras tem de “avançar” e lembra que a transferência de competências para as autarquias ao nível dos cuidados primários de saúde irá agravar o desinvestimento “crónico” e aprofundar as assimetrias.

A campanha, que será feita em conjunto com o Movimento de Utentes, terá uma ação no a 23 de junho, para exigir mais profissionais e melhores cuidados de saúde primários em Almada e no Seixal.

No dia 28 de junho, o mote será a exigência de mais investimento, mais profissionais e o aumento da qualidade dos cuidados de Saúde, numa em frente do Centro de Saúde das Lameirinhas, na Guarda.

Já para 1 de julho, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais convocou uma greve nacional dos trabalhadores da saúde para exigir, nomeadamente melhores condições de trabalho e a dignificação e valorização dos profissionais.