O presidente polaco, Andrej Duda, considera que as conversas com Putin são “inúteis” e diz-se “impressionado” com a proximidade entre os responsáveis políticos, acusando a Alemanha e a França de “legitimar” o regime de Putin, que invadiu a Ucrânia. Olhando para a economia alemã, Duda alerta: “exército russo pode comemorar vitória em Berlim”.

“Essas conversas são inúteis. O que é que fazem? Apenas legitimam a pessoa responsável pelos crimes cometidos pelo exército russo na Ucrânia”, afirmou Duda em entrevista ao jornal alemão Bild.

“Putin é responsável pelos crimes. Foi ele que tomou a decisão de enviar as tropas para lá. Os comandantes estão subordinados a ele. Alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra mundial?”, questiona o presidente polaco num tom muito crítico das opções de Scholz e Macron.

“Alguém disse que Adolf Hitler tinha de salvar a face ou que devia agir-se de maneira a que não fosse humilhante para ele? Não ouvi isso”, diz o polaco considerando ainda que não é possível alcançar “nenhum acordo” com os chefes do governo ucraniano. “Não pode haver nenhum acordo com o qual o governo ucraniano não concorde”, diz Duda que se mostra “mais interessado” no envio de apoio à Ucrânia “para expulsar os russos do território”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E quando fala em “todo o território”, Duda refere-se também à Crimeia, declarada estado independente em 2014, subordinado à Rússia. “Todo o território ucraniano reconhecido internacionalmente, todos sabem o que é que isso quer dizer. Para que possa ser restaurado o primado do direito internacional, mantendo a ordem que existia na Europa depois de 1989, reconhecida por todos e que tem sido repetidamente violado pela Rússia. As fronteiras politicamente reconhecidas a nível internacional devem ser restauradas”.

Sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia, Duda considera que se trata de uma “decisão política com um grande significado para os defensores da Ucrânia”. “Devemos dar à Ucrânia o status de candidato, isso será um estímulo adicional para a população” na recuperação do país e da sua economia, considerou o presidente polaco.

Andrej Duda fez ainda críticas à postura alemã no que diz respeito às sanções económicas e à manutenção de relações comerciais com a Rússia. “A economia alemã não quer saber o que se está a passar na Ucrânia ou com o que está a acontecer na Polónia. Dizem: queremos fazer negócios, ganhar dinheiro. Pode fazer negócios com a Rússia porque queremos vender os nossos produtos, queremos comprar gás barato e importar petróleo. Talvez a economia alemã não acredite que o exército russo possa uma vez mais comemorar uma grande vitória em Berlim e ocupar parte da Alemanha. Nós, na Polónia, sabemos que isso é possível, por isso pedimos ao mundo e à Europa que não faça mais negócios como fazia com a Rússia”.