Operação Secreta

Adaptação ao cinema do livro escrito em 2010 pelo jornalista Ben Macintyre, sobre a Operação Mincemeat (carne picada), em que, na II Guerra Mundial, os serviços secretos militares ingleses recorreram a um cadáver de um anónimo com documentos e papéis “top secret” falsos, para convencerem os alemães de que iam desembarcar na Grécia e não na Sicília, em julho de 1943.

Esta história já foi contada no cinema, em 1956, em “O Homem que Nunca Existiu”, de Ronald Neame. Colin Firth encabeça o elenco desta fita realizada por John Madden, que combina habil e equilibradamente factos reais e intriga romanceada, remetendo, na estrutura, no tom, nas convenções narrativas e no condimento de propaganda retroativa, para os títulos deste género que os ingleses produziam com regularidade durante a II Guerra Mundial e nos anos que se lhe seguiram (curiosidade: uma das personagens é o jovem Ian Fleming, que participou nesta operação e terá mesmo estado na origem da ideia). Bom entretenimento, profissionalmente executado.

Laranjas Sangrentas

Um casal de reformados crivado de dívidas tenta ganhar um concurso de danças rock para as poder pagar; um ministro hipócrita e corrupto do governo francês é suspeito de fraude fiscal e tenta abafar a investigação de uma jornalista; uma adolescente é violada por um pervertido, na noite em que perdeu a virgindade com um amigo, tendo aquele pouco antes drogado e abusado sexualmente do dito ministro, após este ter tido um furo perto de sua casa e ido pedir ajuda.

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Assinado por Jean-Christophe Meurisse, “Laranjas Sangrentas” é uma mescla esdrúxula e dispersa de comédia negra e de sátira social e política com molho espesso de filme “trash”, o equivalente cinematográfico de uma receita de culinária em que os vários ingredientes não só não jogam nada bem uns com os outros, como também nos enjoam só de os ver no prato: pensem em peixe frito com feijão branco e “chantilly”. Houve quem em França escrevesse que “Laranjas Sangrentas” é um filme “punk”. Errado: é apenas mau.

Mundo Jurássico: Domínio

Holywood continua a insistir nas “franchises” de grande sucesso comercial e esta continuação de “Mundo Jurássico: Reino Caído” (2018), realizada por Colin Trevorrow, assinala o regresso à série de Laura Dern, Jeff Goldblum e Sam Neill, que voltam a estar juntos num filme pela primeira vez desde que contracenaram em “Parque Jurássico”, de Steven Spielberg, em 1993.

A ação de “Mundo Jurássico: Domínio” passa-se quatro anos depois da destruição da Isla Nubar. Agora, dinossauros e humanos vivem e caçam lado a lado por todo o mundo, num equilíbrio ecológico muito delicado. Será que estes vão continuar a ser a espécie predadora prodominante no planeta, ou será que aqueles vão tomar o seu lugar e talvez mesmo condená-los à extinção? Chris Pratt, Bryce Dallas Howard e Omar Sy também constam do elenco desta nova aventura, a terceira de “Mundo Jurássico” (e aparentemente, a última).

Donbass

O realizador Sergei Loznitsa, nascido na ex-URSS e criado na Ucrânia, autor de filmes como “A Praça”, “Funeral de Estado” ou “Babi Yar. Context”, defensor da causa ucraniana mas recentemente expulso da Academia de Cinema local por ter defendido os cineastas e os artistas russos e criticado a sua exclusão dos festivais de cinema de todo o mundo, rodou em 2018 esta fita passada na região separatista homónima da Ucrânia, na bacia do Don, onde se localizam as auto-proclamadas repúblicas pró-russas de Donetsk e Lugansk. Desde 2014 que aqui se enfrentam forças pró-russas e ucranianas, confrontos esses que ainda antes da invasão russa da Ucrânia tinham já causado milhares de mortos e muita destruição, representando uma guerra até muito recentemente menosprezada pelo Ocidente. “Donbass” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.