Kathleen Buhle, a primeira mulher de Hunter Biden — o único filho vivo de Joe Biden com Neilia Hunter –, temia ser excluída do clã Biden devido à recusa de proteção por parte dos Serviços Secretos norte-americanos quando o sogro era vice-presidente dos Estados Unidos. A revelação consta do livro If We Break: A Memoir of Marriage, Addiction, and Healing, da sua autoria, e que chega às bancas norte-americanas na próxima semana. A revista People e o The Guardian já tiveram acesso a um excerto e a um exemplar, respetivamente.
Joe Biden mostrou ser um sogro carinhoso logo quando a cumprimentou pela primeira vez: colocou “as suas mãos nas minhas bochechas e olhou-me nos olhos, o seu nariz quase a tocar no meu”. A ternura não ficou por aqui e o então senador de Delaware esclareceu a Kathleen:
Querida, o meu menino diz-me que te ama, o que significa que eu também te amo. Entendes? Eu amo-te.”
Além de uma boa primeira impressão, Biden — “o sol em torno do qual todos [família] giram” — apresentava a então nora “como filha” em todos os lugares onde se deslocavam.
Um acidente trágico, a morte dos filhos e o pesadelo das drogas. Os dramas familiares de Joe Biden
O novo livro não apresenta apenas momentos familiares enternecedores. Buhle aborda igualmente uma reunião com um agente dos Serviços Secretos dos Estados Unidos, pouco tempo antes de Joe Biden se tornar vice-presidente de Barack Obama, em janeiro de 2009. O funcionário revelou que “Hunter e as meninas teriam um elemento atribuído. Dois agentes com eles 24 horas por dia”. Kathleen só seria “incluída em qualquer plano” se houvesse “qualquer tipo de emergência”.
De repente, senti-me envergonhada. Eu sabia que os Serviços Secretos fariam parte desta nova vida, mas não sabia como. Isto [o que acabara de acontecer] significava que eu era menos importante do que o meu marido e as minhas filhas? O que eu ouvi nas suas palavras: eu não era verdadeiramente uma Biden.”
Ainda pediu ao marido que renunciasse à proteção dos Serviços Secretos, “mas ele estava inabalável“. “Kathleen, sempre foi assim. Não é pessoal. As noras nunca tiveram proteção“, respondeu-lhe Hunter.
De acordo com o site dos Serviços Secretos, “por lei, os Serviços Secretos estão autorizados a proteger: o Presidente, o vice-presidente (ou outros indivíduos próximos na ordem de sucessão ao Gabinete do Presidente), o Presidente eleito e o vice-presidente-eleito; as famílias próximas dos indivíduos acima”, entre outros.
“Finalmente” , Buhle acabou por entender que as regras ditavam que assim fosse – mas não esconde que não lhe ser atribuída proteção ainda continua a ser uma “ferida”. E há episódios que não esquece. Quando passeava com o marido, por exemplo, pedia-lhe que não andasse à sua frente. Isso, explica, faria com que os agentes tivessem de caminhar à sua frente também — “um eco para que eu saísse de cena”, caraterizou entre as 304 páginas da peça literária. “Talvez uma parte de mim soubesse que em breve eu teria que lutar tanto quanto eu já tivera que lutar apenas para permanecer no meu casamento.”
Kathleen recordou uma outra “uma memória antiga” que remontava ao início do casamento — uma sessão fotográfica familiar em que “a tia do Hunter estava a comandar tudo”. Primeiro, sugeriu uma foto na qual só posariam Joe Biden e Jill Biden, atual primeira-dama. “A certa altura, anunciou: ‘Agora vamos captar apenas o sangue Biden’”. Buhle ficou de fora do momento.
Em 2017, já Joe Biden era vice-presidente há cinco anos, dois agentes questionaram-na sobre o paradeiro de Hunter. Este tinha ido para o México participar em “mais um programa de recuperação”, na sequência da luta contra o vício das drogas e do álcool.
Mandei uma mensagem ao Hunter e disse-lhe que tinha de ligar para o agente dos Serviços Secretos”, escreve Buhle. “Ele disse-me que ia pedir para ser libertado da proteção governamental. Depois de quase seis anos de proteção dos Serviços Secretos, Hunter agora estaria sozinho.”
Hoje em dia, como filho do Presidente dos Estados Unidos, Hunter Biden está novamente sob proteção dos Serviços Secretos, uma operação cujos elevados foram amplamente divulgados — como, por exemplo, os 30 mil dólares (cerca de 28 mil euros) pagos mensalmente por uma mansão em Malibu para que os agentes que protegem Hunter estejam tão próximos quanto possível da propriedade arrendada pelo herdeiro mais velho e JoeBiden.