A guerra na Ucrânia chegou ao 107º dia e o governo de Zelensky dá sinais de que o esforço de resistência militar enfrenta dificuldades cada vez maiores. Foi, pelo menos, essa a ideia transmitida por um alto responsável dos serviços de informação militar que implorou ao Ocidente que forneça mais armas e munições. Ao início da tarde, o Presidente da Ucrânia pediu aos líderes europeus que “atuem, não falem apenas”. A Ucrânia está convencida de que a Rússia, com os recursos de que dispõe, pode prolongar esta guerra por mais um ano e preocupa-se com a situação de Mariupol, onde um grande surto de cólera pode provocar milhares de mortos.

O que aconteceu durante a noite?

  • Os serviços de inteligência militar da Ucrânia acreditam que a Rússia tem recursos económicos para continuar a guerra no ritmo atual durante “mais um ano”. No Telegram, escreveram que “o Kremlin provavelmente vai tentar congelar a guerra por algum tempo para convencer o ocidente a levantar as sanções, mas depois vai continuar a agressão”.
  • O autarca de Mariupol, Vadym Boichenko, veio avisar: pode chegar a haver milhares de mortos na cidade graças a surtos de cólera e de desinteria, dado que os cadáveres continuam por recolher e o risco, em tempo de calor, torna-se maior.
  • O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos considerou que condenações à morte são crimes de guerra, uma posição tomada esta sexta-feira sobre os soldados britânicos e muçulmano que foram condenados à morte em Donetsk, acusados de terrorismo e tomada de poder.
  • A Ucrânia garantiu que não fará qualquer cedência à Rússia em termos territoriais. Ihor Zhovka, conselheiro diplomático do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse isso mesmo à Bloomberg. “Não vamos desistir de território, não vamos ceder um centímetro — especialmente não em Donbass”.
  • O Governo alemão está a trabalhar em nova legislação para facilitar o envio de armas à Ucrânia (e não só). A ideia é tornar mais fácil o envio de armas a países democráticos, ao mesmo tempo que se dificultará a exportação para autocracias.

O que aconteceu durante a manhã e a tarde?

  • “Se 71% dos cidadãos europeus consideram a Ucrânia parte da família europeia, então porque é que ainda existe algum ceticismo político e hesitação em relação ao nosso desejo de entrar na União Europeia?”. A frase é de Volodymyr Zelensky, que esta sexta-feira participou por videoconferência numa cimeira em Copenhaga, Dinamarca, sobre democracia na era digital. O Presidente da Ucrânia pediu aos líderes europeus que “atuem, não se limitem a falar”.
  • O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos falou esta sexta-feira sobre os soldados britânicos e muçulmano que foram condenados à morte em Donetsk, acusados de terrorismo e tomada de poder. As condenações à morte de combatentes estrangeiros na Ucrânia são “crime de guerra”, diz a ONU.
  • A Ucrânia está a perder em praticamente todas as frentes de batalha com as forças russas e, nesta fase, está praticamente sem munições e totalmente dependente daquilo que o Ocidente conseguir entregar. Quem o admite é o diretor-adjunto dos serviços de informação militar da Ucrânia, Vadym Skibisky, de acordo com notícia exclusiva do britânico The Guardian.
  • Os serviços de informação militar da Defesa britânica notam que “a Rússia continua a controlar quase toda a cidade de Severodonetsk”, que continua a ser uma frente de combate muito ativa. Porém, a Defesa britânica salienta que “as forças russas têm feito poucos progressos nas tentativas de conquistar a região à volta de Severodonetsk, a norte e a sul”, o que equivaleria a cercar mais esta cidade.
  • Os mesmos serviços avisam que a cidade de Mariupol está em risco de desenvolver um grande surto de cólera, depois de já terem sido detetados vários casos isolados da doença. “Os serviços médicos em Mariupol já estão nesta altura, provavelmente, perto do colapso” e “um grande surto de cólera apenas ia agravar ainda mais esse cenário”, afirma a Defesa britânica.
  • O Presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu o país está disponível para entregar mais artilharia pesada à Ucrânia – uma garantia dada diretamente ao Presidente Volodymyr Zelensky, com quem falou ao telefone. Macron vincou, também, que França continua firmemente do lado da Ucrânia – uma declaração importante tendo em conta a polémica declaração recente de Macron, que alertou para o perigo de se humilhar Putin nesta guerra.
  • Os cinco Estados-membros da União Europeia que participam na Equipa de Investigação Conjunta sobre alegados crimes de guerra na Ucrânia têm já “grandes quantidades de provas”, avançou a Eurojust.
  • Em Portugal, a Polícia Judiciária identificou e deteve um homem, estrangeiro, com a idade de 41 anos, fortemente indiciado pela prática, em finais do mês passado na Guarda, de um crime abuso sexual de uma criança com 6 anos de idade, refugiada da Ucrânia. “Os factos ocorreram no interior de um Centro de Acolhimento de Refugiados e de outros cidadãos estrangeiros, da cidade da Guarda, onde autor e vítima residiam àquela data”, diz a PJ.

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