A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Michelle Bachelet, anunciou esta segunda-feira que não se recandidatará a um segundo mandato após 31 de agosto.

“Numa altura em que o meu mandato chega ao fim, esta 50.ª sessão do Conselho será a última em que falarei”, disse a ex-presidente chilena, de 70 anos, na sessão de abertura do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que arranca esta segunda-feira em Genebra, na Suíça.

A porta-voz do ACNUDH, Ravina Shamdasani, citada pela agência Associated Press confirmou que Bachelet não irá procurar um segundo mandato de quatro anos quando o atual terminar em 31 de agosto.

O atual mandato de Bachelet foi recentemente ensombrado pelas críticas à sua resposta ao tratamento dado pela China aos uigures e outras minorias muçulmanas. No início de junho, mais de 230 organizações de direitos humanos, incluindo portuguesas, exigiram a demissão de Bachelet, acusando-a de “branqueamento de atrocidades” durante a sua recente visita à China.

Para os ativistas, durante a deslocação Michelle Bachelet legitimou “a tentativa de Pequim de encobrir os seus crimes usando o falso enquadramento de ‘contraterrorismo’ do Governo chinês e referindo-se repetidamente aos campos de internamento pela designação do governo chinês: ‘Centros de Educação e Treino Profissional’ (CETP)”.

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Os governos ocidentais e as organizações não-governamentais (ONG) dos direitos humanos acusam a China de deter mais de um milhão de uigures e membros de outras minorias muçulmanas em campos de reeducação. Os ativistas pediram ainda ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para que não propusesse a renovação do mandato de Bachelet.

O diretor executivo da HRW afirmou que parte da culpa pela visita fracassada de Bachelet à China é do secretário-geral da ONU, António Guterres, por ter aceitado previamente os termos impostos por Pequim para a visita da alta-comissária, quando esteve na capital chinesa por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Kenneth Roth declarou numa conferência de imprensa que a viagem de Bachelet à China, entre 23 e 28 de maio, “não poderia ter sido melhor para o Governo chinês, que se esforça para esconder as prisões em massa e os abusos em Xinjiang”, território autónomo habitado por várias minorias étnicas, nomeadamente os uigures.

O diretor executivo da HRW afirmou que parte da culpa pela visita fracassada de Bachelet à China é do secretário-geral da ONU, António Guterres, por ter aceitado previamente os termos impostos por Pequim para a visita da alta comissária, quando esteve na capital chinesa por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Guterres, segundo Roth, mostra-se “mais fraco” quando se trata de criticar Estados influentes em relação aos seus antecessores no cargo, como o ganês Kofi Annan (que morreu em 2018) e o sul-coreano Ban Ki-moon. Antonio Guterres afirmou recentemente o seu apoio a Bachelet.