O conselho de administração da CP esclareceu, em comunicado, que os trabalhadores da empresa tiveram um aumento salarial este ano decorrente da negociação do Acordo de Empresa (AE), mas também em 2018 e 2020, retroativo a janeiro de 2019.

“A afirmação de que os trabalhadores da CP têm os ordenados congelados há mais de 10 anos não corresponde à verdade”, disse a empresa, num comunicado enviado à Lusa.

A nota responde a declarações do dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, que disse nomeadamente que os trabalhadores têm os ordenados congelados há mais de 10 anos.

A CP explica no comunicado que por determinação do Ministério das Finanças foi decidido que o aumento salarial de 0,9% aplicado este ano à função pública fosse estendido, em sede de negociação coletiva, às empresas do setor empresarial do Estado, caso da CP.

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Por esse motivo, a empresa negociou com todos os sindicatos um novo AE, que foi assinado pela “esmagadora maioria dos sindicatos”, que tem “diversos benefícios para os trabalhadores”, e decorrente do qual se fará o aumento salarial de 0,9% retroativo a janeiro, para todos os trabalhadores de sindicatos aderentes, explica-se na nota, acrescentando-se ser falso que o novo AE piore as condições de trabalho.

Luís Bravo nas declarações à Lusa afirmou que a administração da CP impôs o novo AE “com piores condições de trabalho”, e lamentou que trabalhadores que começam o turno por exemplo às 05:00 e saem depois das 00:00 “têm que se deslocar em viaturas próprias”, pelo que cerca de 20% do seu salário “já vai só para se fazerem deslocar para o trabalho”.

Segundo a administração, os trabalhadores em causa estão nesses horários, em média, seis dias por mês, e em regra a CP “garante transporte de e para o local de trabalho”, além de que a empresa “paga mensalmente um abono para esse fim que corresponde a um valor superior a 100 euros”.

A administração da CP disse também ser mentira que os concursos para a categoria profissional de operadores de revisão e venda fiquem por preencher, considerando ser “irreal” afirmar que há trabalhadores desta carreira a pedirem rescisão da empresa pelos motivos apresentados.

O dirigente do SFRCI tinha dito que os turnos de trabalho e as folgas rotativas e um “aumento brutal do custo de vida” têm levado os trabalhadores mais novos a pedir a rescisão da empresa, e que os concursos de adesão de novos colaboradores têm ficado vagos.

Os trabalhadores ferroviários operacionais, onde se incluem os revisores e os trabalhadores das bilheteiras, a sul de Pombal, estiveram em greve no domingo. Para dia 23 está também agendada uma greve de 24 horas para os trabalhadores ferroviários operacionais, a norte de Pombal.