O Chega criticou esta quarta-feira o PS por dedicar a sua declaração política na Assembleia da República ao tema das comunidades quando os últimos dias têm ficado marcados pelo encerramento das urgências de obstetrícia de vários hospitais do país.

“O Serviço Nacional de Saúde está em profundo caos e desagregação e o PS traz-nos os temas das comunidades”, afirmou o presidente do Chega, André Ventura, ironizando que os socialistas estão “sempre em ciclo com os temas atuais que interessam ao país”.

O deputado do Chega apontou também críticas à Iniciativa Liberal por falar sobre habitação, apontando que para os liberais “a saúde não era um tema de facto relevante”, e ao PSD, por “naquela lógica de ter um pé dos dois lados do campo veio falar de administração interna, e ao mesmo tempo com um toque aqui e ali na saúde”.

André Ventura disse que “ao contrário” dos restantes partidos, a declaração política do Chega seria dedicada à saúde, sem referir que foi também esse o tema escolhido por BE e PCP para as suas declarações políticas desta quarta-feira.

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A situação nas urgências dos hospitais portugueses foi também referida por deputados de outros partidos nas suas intervenções.

Na sua intervenção, o líder do partido de extrema-direita afirmou que “a esquerda, o PS e a extrema-esquerda enchem a boca para falar do Serviço Nacional de Saúde [SNS] gratuito, universal e do serviço adequado e próspero para todos”, mas considerou que o SNS “é um serviço de pobres para pobres e absolutamente degradado”.

André Ventura ressalvou depois que não será possível “resolver o problema dos concursos e da falta de profissionais em três ou quatro meses”, e reiterou que “quem não é atendido no SNS, quem está à espera há anos ou vai a uma urgência e está fechada” deveria poder recorrer ao serviço privado ou social “com o apoio do Estado e sua comparticipação”.

“Nós temos que deixar de lado a ideologia e olhar para os portugueses que não têm serviço de saúde”, salientou.

Num pedido de esclarecimento, o deputado Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal (IL), apontou que Ventura “passou metade do tempo [da sua intervenção] a criticar o facto de os outros partidos não terem falado sobre um determinado tema”.

O deputado da IL disse também que o seu partido tem no seu programa eleitoral “120 páginas dedicadas à reforma do sistema de saúde”, apontando ser “10 vezes mais conteúdo só sobre saúde do que o programa eleitoral do Chega todo”.

E defendeu que “as pessoas preocupam-se com a habitação” e que “a altura para falar sobre os problemas é quando eles podem ser resolvidos, quando podem ser antecipados”.

No arranque da sua intervenção, André Ventura respondeu ainda a uma declaração ao deputado André Coelho Lima, do PSD, momentos antes, afirmando que desafiar o Chega para acompanhar o PSD no que toca ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras “se não fosse uma brincadeira seria uma tragédia”.

O líder do Chega sustentou que “se houve um partido” naquela câmara que “lutou pelos polícias” e “pelo SEF quando o PSD deu as mãos ao PS foi o Chega”.

Em resposta, o deputado do PSD pediu a André Ventura para “repor a verdade ou se retratar”, pois, o que disse “não corresponde à verdade”.

André Coelho Lima salientou que “o PSD desde a hora número um que é contra a extinção do SEF” e “apresentou uma versão alternativa, reclassificando o SEF” como força de segurança.

Na resposta ao PSD, André Ventura disse que não aceitar “receber lições de ninguém sobre tratamento e proteção das forças de segurança”, enquanto acusou a IL de defender um programa de “saúde para meninos ricos”.