O administrador executivo dos CTT afirmou esta sexta-feira que a empresa nunca teve intenção de encerrar postos nos Açores, mas admitiu que possa ter havido um “lapso” de comunicação no posto de Água de Pau, em São Miguel.

“Nunca foi intenção dos CTT fazer qualquer tipo de encerramento de pontos em nenhum território nacional“, afirmou o administrador executivo dos Correios de Portugal, António Pedro Silva, ouvido hoje na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.

A audição foi pedida no âmbito de um projeto de resolução do Chega, que recomenda ao executivo açoriano que intervenha junto dos CTT contra o encerramento de lojas na região.

Segundo António Pedro Silva, está prevista apenas uma transferência de serviços das lojas da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC) para as juntas de freguesia.

Os CTT, ao contrário do aqui afirmado, não tem vindo a encerrar lojas ou pontos dos CTT, quer no continente, quer nos arquipélagos, bem pelo contrário, tem vindo a reforçar a sua proximidade com as populações, sendo conhecido que havia um conjunto de lojas dos CTT encerradas em sedes de concelho que foram reabertas já na vigência desta comissão executiva”, frisou.

O administrador executivo disse que “não foi possível chegar a um acordo” com a RIAC, gerida pelo Governo Regional dos Açores, por isso foram encetadas negociações com as juntas de freguesia.

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António Pedro Silva assegurou ainda que não haverá uma “quebra de serviços” e que a solução encontrada traz mais vantagens para as populações, porque permite um “horário mais alargado” de atendimento.

O deputado José Pacheco, do Chega, proponente da iniciativa, alegou que foram os CTT a anunciar o encerramento do posto de Água de Pau, na ilha de São Miguel.

“A única informação que existia era um aviso dos CTT a dizer que iam encerrar aquele posto no dia 26 de maio e que as pessoas se deviam deslocar a Vila Franca ou à Lagoa”, afirmou.

“Não me parece que haja qualquer confusão, parece-me é que, passado o tempo, as coisas foram revertidas”, acrescentou.

António Pedro Silva reafirmou que não havia “qualquer intenção de fecho” daquele posto, acrescentando que “se a comunicação que surgiu no local foi diferente, não terá resultado de outra coisa que não tenha sido um lapso”.

O administrador executivo dos CTT garantiu que a empresa não procederá a “qualquer encerramento” de lojas próprias nos Açores.

Quanto aos 11 postos que funcionavam na RIAC, quatro já foram transferidos para juntas de freguesia e três serão transferidos em julho (Ponta Garça, Ginetes e Achada, em São Miguel), estando ainda a decorrer negociações com as juntas de freguesia nos restantes quatro.

Questionado pelo deputado socialista Rui Anjos sobre os argumentos apresentados pela RIAC para deixar de prestar este serviço, o administrador executivo dos CTT disse que foram “de dimensão financeira e de condições físicas de prestação do serviço”.

“O que se vem a verificar é alguma transformação no modelo de negócios dos CTT, com um incremento de encomendas. Não sendo um tema de grande relevo, em alguns dos casos traz dificuldades de gestão de espaço”, explicou.

“Não foi uma negociação para reduzir o valor, nem para manter o valor, nos parâmetros em que tínhamos no momento”, acrescentou.

Confrontado pelo deputado do CDS-PP Rui Martins com queixas relativas à demora nas entregas e à utilização do transporte marítimo em serviços CTT Expresso, António Pedro Silva recordou as “vicissitudes” provocadas pela pandemia de Covid-19, mas assegurou que se trata de casos pontuais.

“Serão casos pontuais, não com muita recorrência, que nós procuraremos mitigar, de modo a que o padrão de serviços seja cumprido”, apontou.

Ouvido sobre a mesma proposta na Comissão de Economia, a 9 de junho, o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública dos Açores, Duarte Freitas, disse que os CTT estavam a prestar um “serviço deficitário” na região, em muitos casos, sem cumprir os “requisitos mínimos”.

“Todos nós sabemos que há um serviço deficitário e deficiente por parte dos CTT nos Açores“, apontou o governante, acrescentando que “os CTT não estão a cumprir os requisitos mínimos para o serviço que deviam prestar”.