O secretário-geral das Nações Unidas apelou para que a guerra da Ucrânia, e a necessidade de contrariar a dependência do gás e petróleo russo, não seja usada para aumentar a dependência dos combustíveis fósseis.
Num discurso realizado esta sexta-feira no Fórum Económico para a Energia e Clima que se realizou em Washington com o envolvimento do presidente Joe Biden, António Guterres dirigiu um recado claro aos representantes das maiores economias mundiais: “O primeiro dever das lideranças é proteger as pessoas dos perigos do presente. E nada pode ser mais evidente e presente do que o perigo da expansão dos combustíveis fósseis. Mesmo que seja no curto prazo, não sentido nem politicamente nem economicamente”.
O secretário-geral da ONU denunciou ainda o que descreveu como os fortes investimentos feitos pela indústria da energia fóssil em relações públicas e pseudo-ciência, promovendo uma falsa narrativa para “minimizar as alterações climáticas e enfraquecer políticas ambiciosas” de combate às mesmas. Comparando esta estratégia com a seguida pela indústria do tabaco há décadas. para fugir às suas responsabilidades.
For decades, the fossil fuel industry has invested in pseudo-science & public relations, with a false narrative to minimize their responsibility for climate change & undermine ambitious climate policies.
They exploited the same scandalous tactics as Big Tobacco decades before.
— António Guterres (@antonioguterres) June 17, 2022
Para António Guterres, o argumento que coloca a ação climática de lado para dar prioridade aos problemas domésticos também não serve. “Se tivéssemos investido mais cedo e mais massivamente em energia renovável, não estaríamos novamente à mercê da instabilidade dos mercados fósseis”.
E deixou o apelo. “Vamos assegurar que a guerra na Ucrânia não é usada para aumentar essa dependência.” Assinalando também que os problemas atuais mais preocupantes como a inflação e o preço dos combustíveis são também eles problemas climáticos e dos combustíveis fósseis.
A “matemática é simples” afirmou ainda o secretário-geral da ONU. O “modelo atual de crescimento infinito num mundo que tem recursos físicos limitados vai resultar num golpe triplo de inflação, caos climático e conflito”. Guterres defendeu ainda que a solução é clara e passa pelos recursos infinitos que estão à nossa disposição para responder às necessidades de energia: “O vento, o sol e as marés nunca se esgotam”.