O Reino Unido prepara-se para a maior greve ferroviária em mais de 30 anos após o fracasso das negociações com o setor que reclama melhores salários e condições de trabalho, disseram os sindicatos.

“Apesar dos melhores esforços dos nossos negociadores, nenhum acordo viável foi alcançado”, lamentou o secretário-geral do sindicato ferroviário RMT, Mick Lynch, após as negociações que duraram várias semanas.

A greve ferroviária está marcada para terça-feira, dia 21, quinta-feira, dia 23, e sábado, dia 25, confirmou o sindicato, que estima, segundo a agência France-Presse, a adesão de 50.000 trabalhadores. Os sindicatos apontam a terça-feira como o dia de maior impacto da paralisação que atingirá linhas ferroviárias em todo o país e o metro de Londres, mas as perturbações nos transportes deverão sentir-se entre segunda-feira e domingo.

A empresa Network Rail, que gere a infraestrutura ferroviária do país, estimou que apenas 20% do serviço seja prestado, com metade da rede aberta, nos três dias de greve.

De acordo com Mick Lynch, na base do conflito está “a decisão do governo conservador de cortar quatro mil milhões de libras [4,6 mil milhões de euros] em subsídios dos sistemas de transporte do Reino Unido”. “Como resultado da austeridade imposta pelo governo, as empresas tomaram a decisão de cortar o Plano de Pensões Ferroviárias e o Plano de Transportes para Londres, cortando benefícios, fazendo com que os funcionários trabalhem mais tempo, com reformas empobrecidas, apesar de pagarem mais impostos”, afirmou.

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O RMT afirma ainda que a gestora da rede ferroviária Network Rail pretende cortar pelo menos 2.500 postos de trabalho na manutenção, como parte de um plano de economia de dois mil milhões de libras (cerca de 2,33 mil milhões de euros). Um porta-voz do grupo Rail Delivery – órgão de associação da indústria ferroviária britânica que reúne empresas de transporte ferroviário de passageiros e mercadorias -, afirmou, por seu lado, que “ninguém ganha” com uma greve.

As empresas tentarão “manter o maior número possível de serviços”, mas as interrupções “serão inevitáveis e algumas partes da rede não funcionarão”, acrescentou, apelando a que os passageiros considerem utilizar transportes alternativos.

A paralisação poderá afetar vários eventos desportivos e culturais, como o festival de música Glastonbury e concerto dos Rolling Stones no Hyde Park de Londres, no sábado, e os exames finais de alguns alunos do ensino secundário.