A responsabilidade maior pela crise nos hospitais até é atribuída ao primeiro-ministro por Luís Marques Mendes. Mas o comentador também assinala que esta semana “começou em força” a campanha com vista à saída de Marta Temido do Ministério da Saúde e “dentro e fora do PS”, refere o comentador que aponta uma “mão cheia de nada” quanto a medidas estruturais previstas pelo Governo para resolver a situação na Saúde.

Sobre a continuidade da ministra, o comentador e antigo líder do PSD disse este domingo na SIC que se Temido “não remodelar acaba a ser remodelada”. E até recorda que foi isso mesmo que aconteceu com antigos ministros socialistas da mesma área: Correia de Campos e Adalberto Campos Fernandes. E nisto, considera, o facto de o Governo ter agora uma maioria absoluta não muda nada, já que “o critério da contestação e das sondagens é sempre determinante numa área como a da Saúde”.

No entanto, o comentador não aponta apenas o dedo à ministra, responsabiliza também António Costa pelo sucedido. “Quem tem experiência de Conselhos de Ministros sabe muito bem que o espírito reformista de um Governo não começa nos ministros, mas no primeiro-ministro“.

Ainda sobre a ministra, Marques Mendes diz ter ficado com a sensação, quando a ouviu falar esta semana (segunda e quarta-feira), que Temido “foi apanhada desprevenida”. O que é “desolador” tendo em conta que os problemas já eram conhecidos — e a próprio admitiu isso mesmo. “Porque é que não se agiu a tempo e horas? É desolador”, considerou Mendes que não vê respostas do Governo para os problemas estruturais do SNS, ou seja, “a falta de organização, de gestão e de remuneração justa dos seus profissionais”. “Aqui não foi apontado nada”, diz.

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Para o social-democrata, “o maior erro” do Governo foi ter acabado com as Parcerias Público-Privadas (PPP) na Saúde e “não ter transportado aquelas práticas para dentro do SNS”. Nomeadamente, referiu, ao nível da “autonomia de gestão que, no SNS, é o centralismo soviético”, mas também da “flexibilidade de decisões” e no “regime remuneratório atrativo e competitivo”

“Não vai haver referendo nenhum, é a minha convicção”

Noutro tema da atualidade, a descentralização, o comentador diz ter ouvido o Governo anunciar a intenção de extinguir 30 serviços do Estado até 2023 (as direções regionais da Educação, da Cultura, do IEFP, do ICNF, Regiões de Turismo e Administrações Regionais de Saúde que serão integradas nas comissões de coordenação e desenvolvimento regional). No entanto falta explicação por parte do Governo sobre que poupança para o Estado significará esta mudança ou qual o destino dos funcionários dos organismos extintos. “Convinha que o Governo explicasse”, desafiou o social-democrata.

E desconfia que estas mudanças tenham já alguma relação com a “futura regionalização do país”. O PS prometeu, no seu programa eleitoral, avançar com o referendo nesta legislatura, em 2024, mas Mendes acredita que “não vai haver referendo nenhum”. E por duas razões: a primeira é que “quem não se entende no mais fácil (a descentralização) dificilmente se entende no mais complexo (a regionalização)”,  e, em segundo lugar, porque um referendo em tempo de crise económica e social “é um não garantido, é uma derrota para o Governo”.