Foi um resultado histórico. O Partido Popular (PP) venceu as eleições deste domingo na comunidade autónoma da Andaluzia, uma região tradicionalmente socialista. A candidatura encabeçada pelo popular Juanma Manuel Moreno obteve 43,1% dos votos, conseguindo eleger 58 deputados (mais 25 parlamentares do que nas eleições de 2018), o suficiente para alcançar a maioria absoluta (55), a primeira de sempre da força de centro-direita no parlamento andaluz. Até na cidade de Sevilha, um dos bastiões do PSOE, os populares conseguiram sair vitoriosos.

“Contundente vitória”, assumiu Juanma Manuel Moreno, que afirmou estar “orgulhoso dos andaluzes”. O popular prometeu ainda que a Andaluzia terá “quatro anos de prosperidade”.

O PSOE obteve o pior resultado da história nas eleições para o parlamento andaluz — o partido não foi além dos 24%, elegendo 31 deputados (menos dois que em 2018). “O nosso objetivo era a mobilização e não o conseguimos”, admitiu o candidato socialista Juan Espadas, que justificou o resultado com o facto de o eleitorado de esquerda não se ter mobilizado para votar.

Em terceiro lugar ficou o VOX. O partido de extrema-direita angariou 13,46% dos votos, elegendo 14 deputados (mais cinco do que em 2018). Apesar de registar uma subida face às últimas eleições, a candidata andaluza da força partidária, Macarena Olona, não conseguiu alcançar o objetivo de entrar num governo regional, contrariamente ao que aconteceu em Castela e Leão em fevereiro deste ano.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Seguiram-se duas forças partidárias de esquerda. A coligação de esquerda (que contava com o apoio do Podemos) Por Andalucia obteve 7,68% das intenções de votos e elegeu cinco deputados. Já a outra coligação do mesmo espetro político, Adelante, angariou 4,57%, contando agora com dois parlamentares (menos quinze do que em 2018) no parlamento andaluz.

O Ciudadanos, outrora uma força em ascensão na política espanhola, não foi além dos 3,29%. O partido passou de apoiar o governo andaluz (numa aliança com o PP) para um cenário em que não elege qualquer deputado, o que confirma a senda de maus resultados nacionais por parte da força liderada por Inés Arrimadas. Este resultado levou ainda o candidato andaluz Juan Marín a pedir a demissão “em todos os cargos do partido”.

A um ano das eleições gerais que vão definir a configuração do próximo Congresso dos Deputados, estas eleições estão a ser encaradas como uma possível antecâmara para aquilo que vai acontecer em 2023. À direita, o PP tem razões para sorrir e acreditar numa vitória nacional. Com Alberto Núñez Feijóo, líder recém-eleito há menos de três meses, os populares estão cada vez mais confiantes de que podem voltar ao poder.

“O que se votou hoje [este domingo] tem leitura nacional”, reconheceu Cuca Gamarra, secretária-geral do PP. “Os andaluzes disseram que necessitam de governos estáveis e não governos débeis”, afirmou, numa crítica ao chefe do executivo nacional, Pedro Sánchez. “O pior resultado do PSOE na sua história na Andaluzia é o fracasso do sanchismo”, vaticinou a responsável popular.

Do lado do PSOE, estes resultados deverão servir como um aviso à navegação para Pedro Sánchez. No entanto, os dirigentes socialistas rejeitam extrapolar conclusões das eleições andaluzas e aplicá-las a uma escala nacional. Fonte do governo disse ao El Mundo que “estas eleições não alterarão nem mudarão a estratégia do governo de Espanha”.

Artigo atualizado às 23h20