A coordenadora bloquista considerou esta segunda-feira que o país está a falhar no acolhimento a refugiados e exortou o Governo a aprender com o que correu bem com afegãos e ucranianos para aplicá-lo a todos os que procuram asilo.

Portugal não tem feito a sua parte no acolhimento a refugiados. Acolhemos apenas 0,1% dos refugiados que chegam à Europa. Na verdade, somos tão lentos no acolhimento, negamos aulas de português, negamos a legalização dos mais variados documentos, que acabamos por empurrar as famílias (…) para outros países da Europa”, sustentou Catarina Martins.

A líder do BE falava na sede do partido, em Lisboa, no final de uma reunião com um refugiado afegão que presta ajuda a outras pessoas que chegaram a Portugal em circunstâncias semelhantes, Hamed Hamdard, e com representantes do Serviço Jesuíta aos Refugiados e ‘Humans Before Border’.

Na ótica da coordenadora do Bloco, o país “pode fazer muito melhor” e pode começar por “aprender com o que de melhor se fez, tanto no acolhimento de refugiados do Afeganistão — corredores humanitários — como no acolhimento de quem foge da guerra na Ucrânia — a rapidez na autorização da sua residência”.

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Só com um “processo expedito de acolhimento”, prosseguiu Catarina Martins, o país poderá oferecer a refugiados uma “perspetiva de que o país que as acolheu é o país que as acolherá e onde podem reconstituir a sua vida”.

A dirigente do partido também questionou o Governo sobre a promessa de acolhimento de 500 menores que chegaram à Grécia sem acompanhamento.

Ao longo de 2020, o Governo transmitiu à Comissão Europeia disponibilidade para acolher um total de 500 crianças refugiadas que estavam no campo de Moria, na Grécia.

Catarina Martins disse que até hoje o país recebeu “apenas metades dos menores que prometeu acolher”.

“Não sabemos o que aconteceu a estas crianças”, advertiu.

E as que chegaram “estão a deparar-se com problemas diversos”, como, por exemplo, a inconsistência dos apoios da Segurança Social destinados à habitação para os menores refugiados, completou a coordenadora do BE.

Para Catarina Martins, Portugal está a “deixar entrar” as pessoas que procuram asilo, mas depois “abandona-as completamente”.

Hamed Hamdard, que encontrou asilo em Portugal quando fugiu do regime talibã, reconheceu que os refugiados “chegam com uma melhor expectativa” do que aquela com que se deparam.

Na ótica de Hamed é necessário “fazer reformas nos serviços” de acolhimento portugueses, que prestem uma ajuda concreta no processo de documentação, de procura de habitação e acesso a serviços sociais.

“Esperamos que o Governo [português] tenha a bondade de olhar para este processo e garantir serviços” mais bem adaptados, afirmou.