O programa “Casas Adentro”, organizado pela Câmara de Coimbra, realiza no sábado um vasto programa de visitas orientadas por 14 equipamentos da cidade, dando a conhecer o interior de edifícios, muitos deles de difícil acesso.

Os bastidores do Teatro Académico Gil Vicente, a casa do médico e ativista antifascista Manuel Louzã Henriques, o Hotel Astória, a Escola Secundária José Falcão ou os Paços do Município, numa visita dada pelo próprio presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, são algumas das propostas do programa “Casas Adentro”, apresentado esta segunda-feira, em conferência de imprensa.

O evento, produzido pela associação Cultura e Risco, e feito em parceria com o Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra (dARQ) e do Centro Cultural Penedo da Saudade (Instituto Politécnico de Coimbra), propõe-se a “aproximar a arquitetura dos cidadãos”, com visitas orientadas por voluntários (estudantes do ensino superior) e outras comentadas por especialistas ou convidados.

“É uma ideia muito curiosa e não hesitámos em participar nesta ideia que é mostrar as nossas casas por dentro. É uma oportunidade para visitar e ver casas, mas também ouvir e viver a história desses espaços”, afirmou José Manuel Silva, considerando que, ao se conhecer as casas por dentro, também se conhece “a cidade por dentro”.

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O programa de visitas começa às 10:00 e termina por volta das 19:00, estando previstas várias visitas em cada um dos 14 edifícios, que tanto são de instituições privadas, públicas ou de particulares.

O programa está dividido em quatro núcleos — Celas, Alta, Praça e Baixa –, e não é necessária reserva prévia para as visitas, que são gratuitas, sendo admitidas as pessoas por ordem de chegada e em função da lotação de cada edifício, explicou Margarida Mendes Silva, da associação Cultura e Risco.

Para além das visitas, haverá ainda um ateliê para a infância e famílias, um recital de poesia e “um passeio à deriva” pela Baixa de Coimbra, pela arquiteta Désirée Pedro.

Segundo Margarida Mendes Silva, a ideia surgiu em 2016 e, depois de várias “tentativas sem sucesso” junto da Câmara de Coimbra, tentou novamente em 2022, já com um novo executivo a liderar o município, que acolheu a proposta.

De acordo com a responsável, a escolha das casas foi definida com a preocupação de encontrar edifícios que remetessem para “vários períodos da história, vários usos” e várias correntes da arquitetura.

“Decidimos evitar os mais conhecidos, que já se visitam, que são mais populares e apostar noutros menos acessíveis”, aclarou.

Para o diretor do dARQ, Miguel Correia, este programa, “mais do que celebrar os edifícios, celebra a cidade e a vida das pessoas na cidade”.

Sobre as casas escolhidas, Miguel Correia apontou para o caso da moradia de Louzã Henriques, “uma casa maravilhosa, brutalista, e quem passa na rua apenas vê um muro, não percebe a energia, a luz, os materiais [do edifício]”.

“Se o programa continuar, teremos muitas para ver e pode ser que o domínio privado sinta que pode abrir as suas portas”, salientou o diretor do dARQ.

“Espero que se repita, com novos edifícios, novas casas abertas e que permita conhecer um pouco mais a cidade, por fora e por dentro”, salientou a diretora do Centro Cultural Penedo da Saudade, Cristina Faria.

O programa completo pode ser consultado em cmc-coimbra.pt/casaadentro2022.