O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra, Emílio Torrão, considerou esta segunda-feira que, após os incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017, há um país diferente na prevenção de fogos florestais.

Temos uma intervenção do Governo que não tínhamos. Até aos incêndios de Pedrógão Grande era um bocado fatalista, com meios para apagar os fogos, mas sem trabalho a montante”, disse o autarca, que preside também ao município de Montemor-o-Velho.

Segundo Emílio Torrão, que teme um verão complicado, “antes [dos incêndios] de Pedrógão não existia rigorosamente nada do ponto de vista da prevenção e do trabalho de fundo feito pelo Governo”, e, depois, “há todo um trabalho feito”.

“Descarregaram nas autarquias, como na descentralização”, ironizou o dirigente, na Figueira da Foz, à margem da visita à 18.ª torre de videovigilância do projeto Sistema Integrado de Videovigilância para a Prevenção de Incêndios Florestais da CIM Região de Coimbra.

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O Sistema Integrado de Videovigilância para a Prevenção de Incêndios Florestais deverá ficar concluído no final de julho com a instalação de mais duas torres de videovigilância nos concelhos de Montemor-o-Velho e Condeixa-a-Nova, e vai permitir uma cobertura territorial de 90%.

“Este é um verdadeiro projeto intermunicipal, que só foi possível porque existiu Pedrógão Grande”, realçou Emílio Torrão, salientando que, atualmente, existe um conjunto de situações que é possível implementar no terreno porque “houve medidas corajosas tomadas na altura, que não existiam antes”.

No entanto, o presidente da CIM Região de Coimbra mostrou-se “triste” com as críticas que são feitas, por vezes, a bombeiros e autarcas, sem que as pessoas percebam que “há um antes e um depois de Pedrógão Grande”.

Aos jornalistas, Emílio Torrão disse ainda que é preciso resolver a crise do recrutamento de bombeiros, com a atribuição de “condições para que possam ter interesse no voluntariado, ou então tomar outras opções”.

“É preciso perceber que as pessoas arriscam a sua vida”, sublinhou, defendendo que é necessário dar condições e benefícios aos voluntários e também “respeitá-los”.

Antes, numa intervenção no quartel dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz, o presidente da CIM Região de Coimbra desabafou que “não vale apena descarregar as culpas nos bombeiros e autarcas, que sempre fizeram o que podem”, ao recordar os trágicos incêndios de Pedrógão Grande e o julgamento em curso.

O sistema de videovigilância, que tem um custo total de quase quatro milhões de euros, financiados a 75% por fundos europeus, inclui, entre outros, as 37 torres e igual número de sistemas de deteção e 39 centros de gestão e controle.

O projeto prevê no total a instalação de 37 câmaras de videovigilância, 20 das quais em zonas florestais dos 19 municípios da Região de Coimbra e 17 nos 14 municípios da Região Viseu Dão Lafões, que atuam através de infravermelhos com bom ou mau tempo, com deteção automática noturna e diurna.

O POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), que financia o projeto, já comparticipou a instalação de 138 torres de videovigilância no país com nove milhões de euros do Fundo de Coesão, num investimento de 11 milhões de euros.