Os missionários portugueses vão reunir-se em congresso em outubro, em Lisboa, procurando percorrer o caminho para uma “fraternidade sem fronteiras”, tendo presente as preocupações “quanto a um futuro incerto”, mas também “a oportunidade para abertura a novos campos”.

“As grandes proporções do fenómeno migratório e a multiculturalidade daí resultante conduziram o mundo do terceiro milénio a novos desafios no que diz respeito à urgência e à dificuldade do derrube de fronteiras que impeçam a fraternidade”, alerta o “texto inspirador” para o Congresso Missionário “Fraternidade Sem Fronteiras”, a realizar nos dias 14 e 15 de outubro na Universidade Católica Portuguesa.

Para os promotores do evento, “a questão essencial” com que o ser humano se depara “é o como: aprender como viver juntos, como respeitar o outro, como dialogar com o diferente”.

Nesta perspetiva, é deixado, desde logo, o aviso de que “no encontro com a imensa variedade de religiões, deve adotar-se sempre ‘a cultura do diálogo como caminho; a colaboração como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério'”, como refere o Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti.

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“Tal cultura do diálogo deve ser feita (…) na ‘coragem da diferença’ e na ‘preservação da identidade’, sem ambições — mais ou menos veladas — de converter o outro e sem se cair na cilada do sincretismo difuso”, sublinha o texto esta terça-feira divulgado pelos promotores do Congresso.

Neste evento de dois dias, as Congregações Missionárias, as Obras Missionárias Pontifícias e a Conferência Episcopal Portuguesa pretendem “peregrinar” pela “fraternidade na cultura do diálogo, na política, na economia, no modelo social, na missão, no diálogo intercultural e inter-religioso”, para “desaguar” no papel da fraternidade “na reconstrução da esperança, perspetivando a fraternidade sem fronteiras”, na certeza de que “o verdadeiro encontro e o diálogo genuíno entre culturas e religiões têm como esteira comum o encontro e o diálogo entre pessoas concretas”.

“Fraternidade sem Fronteiras e o Documento de Abu Dhabi”, pelo cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, “A Fraternidade na Cultura do Diálogo”, por Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica, “A Fraternidade na Política, na Economia e no Modelo Social”, pelo ex-ministro Guilherme d’Oliveira Martins, “Fraternidade e Missão”, por José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e “A Fraternidade e a Reconstrução da Esperança”, pelo cardeal José Tolentino Mendonça, bibliotecário do Vaticano, são alguns dos temas em debate neste congresso.