Os detritos do foguetão chinês CZ-2F que sobreviveram à reentrada na atmosfera, e que foram avistados em Portugal e Espanha na madrugada desta terça-feira, vieram a cair no mar Mediterrâneo. Alberto Castro-Tirado, investigador do Instituto de Astrofísica da Andaluzia, informou no Twitter que alguns fragmentos no mar de Alborão — a região do Mediterrâneo que fica entre a costa da Andaluzia e a Argélia.

A maioria dos detritos, no entanto, desintegrou-se ao atravessar a atmosfera por causa da fricção: as elevadas temperaturas acabam por derreter os materiais, que são consumidos pelas chamas antes de alcançarem a superfície da Terra. Esse é o fenómeno fotografado em terra firme em Portugal e Espanha, mas também em algumas cidades no norte de África.

Este foguetão tem como objetivo levar tripulações de astronautas chineses para a estação espacial Shenzhou. O material que cruzou os céus esta terça-feira corresponde ao segundo estágio do foguetão e fez parte do lançamento de três astronautas no dia 5 de junho. O próximo lançamento está previsto para dezembro deste ano.

O aviso da reentrada deste lixo espacial tinha já sido divulgado na tarde de segunda-feira pelo site de astronomia espanhol Sky Watch Sentinel, com a localização provável da sua rota de passagem e hora prevista: entre as 00h27 e as 00h37 (hora de Espanha).

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Na rede social Twitter, os primeiros relatos começaram a chegar vindos do outro lado da fronteira, em cidades como Granada, Sevilha, Alicante, Huelva, Málaga e Badajoz. A maioria, no entanto, julgava tratar-se de uma chuva de meteoros. Mas a velocidade com que viajavam os objetos já denunciavam que não seriam rochas espaciais: essas normalmente cruzam os céus muito rapidamente, enquanto estes detritos arrastaram-se durante longos minutos.

Também em Portugal, houve relatos de que este fenómeno tenha sido visto no Algarve.

Em maio de 2021, há pouco mais de um ano, o Long March 5B, foguetão com 23 toneladas desenvolvido pela China e deixado à deriva em redor do planeta Terra, reentrou na atmosfera e caiu às 3h24 de Portugal Continental nas coordenadas 2.65°N , 72.47°E, que correspondem ao Oceano Índico, mesmo ao lado das Maldivas, disse aquele país.

Na altura, a NASA considerou que “a China não está a cumprir os padrões responsáveis em relação aos destroços espaciais” devido ao foguetão que caiu no oceano Índico, perto das Maldivas. Numa declaração do administrador da agência espacial Bill Nelson, após a queda do Long March 5B, a NASA frisou que as nações que fazem este tipo de viagens espaciais “devem minimizar os riscos para as pessoas e para as propriedades”, também para “maximizar a transparência em relação às operações”.