Quase 37 milhões de crianças estiveram deslocadas em todo o mundo em 2021, segundo o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tratando-se do número mais alto registado desde a Segunda Guerra Mundial.

“Conflitos, violência e outras crises deixaram um recorde de 36,5 milhões de crianças deslocadas dos seus lares no final de 2021 (…)”, adiantou a UNICEF Portugal em comunicado.

De acordo com o organismo, o número abrange 13,7 milhões de crianças refugidas ou requerentes de asilo e quase 22,8 milhões deslocadas a nível interno devido a conflitos e violência.

“Os números não incluem as crianças deslocadas devido a desastres climáticos e ambientais, bem como as crianças recentemente deslocadas em 2022, incluindo devido à guerra na Ucrânia, conflito que está a provocar a maior crise de refugiados da Europa desde a II Guerra Mundial”, alertou.

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Síria (6,8 milhões), Ucrânia (6,5 milhões), Venezuela (4,1 milhões de deslocados), Afeganistão (2.6 milhões), Sudão do Sul (2,2 milhões) e Myanmar (1,1 milhões) são os países com maior número de refugiados por país de origem, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Por seu lado, Turquia (3,7 milhões), Colômbia (1,7 milhões), Uganda (1,5 milhões), Paquistão (1,4 milhões), Alemanha (1,2 milhões) e Polónia (1,1 milhões) são os que mais recebem refugiados.

No caso de Portugal, o ACNUR indica que, até ao final de 2021, o país albergava um total de 2.650, sendo que os três principais países de origem eram a Síria (932), Ucrânia (443) e Iraque (211). Dois mais de dois mil refugiados, apenas 303 eram requerentes de asilo.

“Entretanto, com o conflito armado na Ucrânia, que começou há cerca de quatro meses, o número de pedidos de proteção temporária de pessoas deslocadas da Ucrânia em Portugal subiu para os 39.000 e o número de crianças ucranianas deslocadas em Portugal a beneficiar de proteção temporária cifra-se neste momento nos 12.500”, observou a UNICEF.

Para a diretora-executiva da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, “o sistema tem de ter capacidade para integrar de forma segura todas as crianças”.

“Reconhecemos o empenho do Governo português, mas é necessário garantir que a experiência que está a ser construída com o acolhimento das crianças ucranianas é aplicada a nível nacional”, atentou.

Fazendo recomendações às autoridades portuguesas no sentido de acolher da melhor forma todos os refugiados que necessitem de ajuda, em especial as crianças, como o reforço do apoio às escolas, Beatriz Imperatori lembrou que “o conhecimento técnico e prático” é “fundamental para o acolhimento de qualidade e sustentável”.