O primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, defendeu no parlamento o envio de armas à resistência ucraniana e apelou à unidade do país face às decisões “difíceis” que devem ser tomadas nesse sentido.

“Há uma diferença fundamental entre dois pontos de vista. Primeiro, o meu, segundo o qual a Ucrânia deve defender-se e as sanções e o envio de armas servem para esse fim. E o outro ponto, que a Ucrânia não se deve defender, não devemos sancionar (a Rússia) ou enviar mais armas”, declarou Draghi.

Draghi foi ao parlamento para definir a posição da Itália no Conselho Europeu desta semana e fá-lo depois de o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Liga, de extrema-direita, dois parceiros-chave da sua coligação, terem criticado o envio de armas para Kiev.

O M5S pressionou o governo a mudar de linha e a optar por parar de armar a resistência ucraniana, embora sem sucesso, o que causou uma cisão no movimento com a saída, na terça-feira, de um dos seus fundadores, Luigi Di Maio, que enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros criticou “a ambiguidade” da liderança do partido em relação à questão da invasão russa da Ucrânia.

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Draghi lamentou que haja posições que acreditam que “a Rússia é demasiado forte para se combater e que é deixá-la entrar e permitir que a Ucrânia se submeta”.

A culpa é das sanções da Europa? Não, a culpa é da Rússia que declarou guerra à Ucrânia”, exclamou, numa intervenção na Câmara dos Deputados que foi aplaudida.

Draghi acusou ainda a Rússia da “tragédia humanitária que paira sobre os países mais pobres decorrentes da fome e da crise alimentar” devido ao bloqueio dos cereais no Mar Negro.

“A unidade é essencial neste momento porque as decisões que temos de tomar são muito difíceis, porque têm a ver com a guerra, mas também com a nossa situação económica e social interna”, disse o primeiro-ministro.

Os partidos da coligação de unidade nacional de Mario Draghi elaboraram uma resolução sobre a posição da Itália na qual concordaram que qualquer decisão passará pelo parlamento, incluindo o envio de armas.

A resolução, que causou o cisma no M5S, foi aprovada terça-feira no Senado e será submetida esta quarta-feira à votação na Câmara dos Deputados, servindo a Draghi para ver também o apoio que tem após a rutura no referido partido.