A possibilidade de os utentes sem médico de família escolherem um no setor privado ou social ou a implementação das Unidades de Saúde Familiar de modelo C são duas das cinco propostas da Iniciativa Liberal (IL) para problemas urgentes da saúde.

Em declarações à agência Lusa, a deputada da Iniciativa Liberal (IL) Joana Cordeiro detalhou as cinco iniciativas legislativas que o partido apresentou esta semana no parlamento e que levará à discussão no debate no agendamento potestativo (obrigatório) com o tema “SOS SNS” que marcou para 30 de junho.

“Nestes últimos dias fomos alertados novamente para problemas que existem, mas que obviamente são problemas que já se têm vindo a arrastar. Não é uma questão conjuntural, mas é um problema de conceção do modelo que nós temos na saúde”, referiu,

De acordo com a deputada, a IL marcou este debate “com o principal objetivo de discutir o estado da saúde em Portugal sem tabus, sem dogmas, sem preconceitos ideológicos”, pretendendo apresentar soluções para os problemas urgentes que existem.

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“Na IL consideramos que devemos ter um sistema nacional de saúde em que o utente tem de estar no centro do sistema, tem de ter a liberdade de escolha de escolher onde e por quem quer ser tratado e é este acesso que o Estado tem que garantir”, sintetizou.

Assim, entre os cinco projetos (quatro de resolução e um de lei) está uma proposta “relativa à recuperação da atividade assistencial”, um problema que Joana Cordeiro considera ser “muito imediato”.

“Nós temos dois mecanismos que já hoje existem que é o SIGA SNS para as consultas e o SIGIC para as cirurgias e o que nós queremos fazer é alargar o âmbito destes dois mecanismos para que todo o sistema de saúde seja envolvido, todos os prestadores de forma a responder atempadamente às pessoas que precisam das consultas e das cirurgias”, explicou.

Já em relação aos médicos de família, a deputada liberal referiu “o Governo tinha um objetivo de médico de família para todos do qual que pelos vistos desistiu”.

Mas nós achamos que continua a ser importante porque se as pessoas tiverem acesso aos cuidados de saúde primários isto tira pressão dos ambientes hospitalares. A nossa proposta é tão simples como: se o Estado não conseguir dar um médico de família ao utente, o utente pode escolher um médico no setor privado ou social e o estado garante esse acesso”, detalhou.

Os liberais querem ainda regulamentar e implementar as USF de modelo C uma vez que estas ainda “não saíram do papel”.

“O que estamos a propor é que elas sejam implementadas porque obviamente é um modelo que garante maior autonomia. É a forma mais rápida de chegarmos a toda a capacidade do sistema“, defendeu.

Joana Cordeiro adiantou a iniciativa para a criação de um registo de saúde eletrónico universal que vai “permitir que qualquer prestador de qualquer setor tenha acesso à informação clínica do utente, o que hoje em dia não se passa”.

“A última proposta tem a ver com o plano de regularização das dívidas do SNS aos fornecedores”, acrescentou.

Questionada sobre a expectativa de aprovação de alguma destas iniciativas nas quais o partido está a insistir, a deputada da IL referiu que “estas propostas não são novas” porque “tem a ver com as que a IL tem vindo a apresentar”.

“A nossa expectativa é que o PS, que tem maioria absoluta, se preocupe em resolver os problemas que nós temos hoje. Estamos a mostrar propostas que, num curto prazo, poderiam resultar”, desafiou.