A Polícia Federal brasileira realiza nesta quarta-feira uma operação para investigar a alegada prática de tráfico de influência e corrupção para a atribuição de recursos públicos no Ministério da Educação num caso que envolve um ex-ministro e pastores evangélicos.

Segundo informações dos “media” brasileiros, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura são alvo de mandados de prisão.

Numa nota, sem identificar os alvos dos mandados, a Polícia Federal brasileira informa que a operação, denominada Acesso Pago está a ser realizada “com base em documentos, depoimentos e Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União, reunidos em inquérito policial, foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas”.

A investigação começou depois de o jornal O Estado de S.Paulo ter divulgado em março informações de que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura estariam alegadamente a intermediar pedidos de prefeitos para atribuição de verbas públicas do Ministério da Educação em troca de subornos, com a anuência do ex-ministro.

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As acusações contra os pastores evangélicos e membros do governo brasileiro, que terão agido em conjunto para alegadamente favorecer igrejas, tornaram-se um escândalo no Brasil após a revelação de um áudio em que Milton Ribeiro, que também é pastor evangélico presbiteriano, assegurou que o orçamento público da pasta que comandava teria entre as suas prioridades promover projetos de igrejas evangélicas ligados ao governo.

“A minha prioridade é atender, em primeiro lugar, os municípios que mais precisam e, em segundo lugar, atender a todos aqueles que são amigos do pastor Gilmar“, disse o Milton Ribeiro, segundo a gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

O ex-ministro da Educação afirmou, na gravação, que a prioridade ao pastor “foi um pedido especial feito pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro”, mas depois acabaria por desmentir esta declaração.

Por seu lado, o Estadão noticiou que exemplares da Bíblia com fotografias do ex-ministro da Educação e de dois pastores evangélicos investigados por “lobby” foram distribuídos num evento organizado pelo governo brasileiro.

Outros “media” locais como o jornal O Globo investigaram o caso e publicaram relatos de prefeitos brasileiros que disseram ter recebido pedidos de suborno dos pastores na forma da compra de livros e dinheiro para igrejas em troca da atribuição de verbas públicas do Ministério da Educação destinadas à construção de escolas.

Na operação de quarta-feira estão a ser cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão nos Estados de Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outas medidas cautelares diversas, como proibição de contactos entre os investigados e envolvidos, também foram efetuadas.

Segundo a autoridade policial, a investigação iniciou-se com a autorização do Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado de um dos investigados.

As ordens judiciais foram emitidas pela 15.ª Vara Federal Criminal da Secção Judiciária do Distrito Federal.