Fernão de Magalhães teve a visão, mas não a conseguiu levar até ao fim. Quem o fez foi um navegador basco, Juan Elcano. A história da primeira circum-navegação foi protagonizada por estes dois exploradores e são eles os nomes principais da série “Sem Limites”, que se estreia na Prime Video da Amazon a 24 de junho. Ao longo de seis episódios acompanharemos as aventuras, desventuras, imprevistos, derrotas e conquistas que preencheram um feito revolucionário, no ano em que se celebram os quinhentos anos da conclusão da viagem.

“Sem Limites” é uma produção espanhola, mas com uma equipa muito internacional. Criada por Patxi Amezcua, realizada por Simon West, um experienciado realizador no género de ação – tem “Tomb Raider” e “The Expendables II” no currículo –, e com Rodrigo Santoro (Fernão de Magalhães) e Álvaro Morte (Juan Elcano) nos principais papéis. O elenco é, sobretudo, espanhol, mas ouve-se muito português na história de “Sem Limites”, sobretudo vindo de Gonçalo Diniz, que interpreta o navegador Duarte Barbosa, que era também cunhado de Magalhães.

A série não perde tempo em colocar-nos na ação. Logo nos primeiros momentos, o espectador é surpreendido pelos motivos e arrojo de um Fernão de Magalhães interpretado por Santoro. O mote fica lançado: não há tempo a perder. E é com isso em mente que tudo se desenrola, contar uma aventura que demorou três anos em pouco menos de três horas. Estivemos à conversa com Álvaro Morte, que aqui cumpriu o sonho de comandar um barco e gritar com uma série de homens, enquanto segurava uma espada na mão.

[o trailer de “Sem Limites”:]

Há cinco anos provavelmente não imaginava estar onde está hoje…
Não, de todo. Ninguém envolvido em “La Casa de Papel”. Mas é preciso desfrutar a vida e abraçar o que surge pela frente. Como é normal imaginar, estou muito feliz, especialmente porque me abriu novas portas, diferentes, como neste caso, a oportunidade de interpretar Elcano.

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O que o atraiu no Elcano?
Houve duas coisas que me chamaram para este projeto. Primeiro, sempre quis fazer um filme de piratas, sempre gostei da ideia de fantasia e de lutar durante tempestades no mar. Adoro filmes de aventuras, o formato clássico. Pensei que se calhar isto seria o mais próximo de o conseguir fazer na minha vida, se calhar nunca terei outra oportunidade: vou fazer isto, nem que seja por divertimento. Além disso, em Espanha – não sei como é em Portugal – não sabemos muito sobre esta história fantástica. O produtor deu-me o argumento e fiquei maravilhado, com a história, com as aventuras e abismado por não sabermos mais sobre isto, sobre este feito da Humanidade. Eles saíram de Espanha, um tipo português e um espanhol, e fizeram este feito incrível: a primeira navegação à volta do mundo. Tornou-se essencial para mim fazer parte desta história.

Como é que se sente depois de participar numa série de aventuras?
Foi tão divertido, ver-me num barco, com uma espada na mão, um canhão e começar a gritar com os homens. Foi mesmo muito divertido. E tive a sorte de estar a trabalhar com atores que também se divertiram tanto como eu.

Ajudou trabalhar com o Simon West, que tem tanta experiência em criar cenas de ação?
Sim, essa é a especialidade dele. Ao ver a série toda é fácil perceber isso. Ele trabalha sempre com o Shelly Johnson, que é um diretor de fotografia fantástico, e eles sabem exatamente o que fazer.

Gostaria de entrar em mais projetos deste género?
Claro, adorava. Adoro o que faço, adoro o envolvimento em tudo o que faço. Mas sou um apaixonado por filmes de ação, com explosões, simplesmente adoro.

Qual foi o maior desafio nas filmagens?
Antes de terminar a parte cinco de “La Casa de Papel”, já tinha começado isto, e depois de estar duas, três semanas a filmar “Sem Limites”, estava a filmar “La Casa de Papel”. Não tive oportunidade para treinar todas as coreografias para algumas cenas, por isso um dos maiores desafios foi tentar mostrar em frente à câmara que sei manejar uma espada, apesar de ter muito pouco treino.

Tem participado em várias séries, uma história sobre o presente, “La Casa de Papel”, uma de fantasia, “A Roda do Tempo” e, agora,  uma série histórica. Há algum género que prefere?
Tento gostar de tudo o que faço. Mas… adorava fazer uma comédia. Depois destas coisas intensas que tenho feito, estas coisas épicas, adorava fazer uma comédia romântica. Adoro comédia, acho que é o género mais difícil de interpretar. E adorava fazer de tipo cómico.

Voltando ao início, onde se vê daqui a cinco anos?
Não faço ideia… prefiro não pensar sobre isso. Prefiro que a vida me surpreenda, não tenho um plano a seguir. Mas tento seguir o meu coração quando tenho de fazer uma decisão. Tenho ofertas em Espanha e no estrangeiro. Não considero um projeto mais importante só porque vem do estrangeiro, de todo, tento olhar para a história, para a personagem, o realizador, e tomar uma decisão com o meu coração. Não tenho um plano… mas se calhar daqui a cinco anos espero pelo menos ter tido algumas férias em Portugal.

Parece um bom plano.
É sim.