A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zahkarova, avisou, na sexta-feira, que o estatuto de candidato à União Europeia da Moldávia e da Ucrânia terá “consequências negativas” para ambos os países.

“Como a decisão de garantir à Ucrânia e a Moldávia o estatuto de países candidatos, a União Europeia está a confirmar que continua a explorar ativamente os países da Comunidade de Estados Independentes [CIS, sigla em inglês] a nível geopolítico, usando-os para ‘conter’ a Rússia”, afirmou Maria Zahkarova citada pela Reuters.

A dirigente diplomática indicou que as autoridades dos dois países não estão a ter em consideração “as consequências negativas” da decisão que tomaram, acusando a União Europeia de sacrificar os ideais democráticos à custa da “expansão sem limites” e de uma política que “escraviza política e economicamente os seus vizinhos”.

O ex-Presidente russo e vice-Presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, também criticou a decisão da Moldávia em querer aderir à União Europeia. Numa publicação na sua conta pessoal do Telegram publicada este sábado, o dirigente político apontou que a UE tem como objetivo criar uma “Grande Roménia” — uma junção do território romeno ao moldavo — tendo-se procedido à “desvalorização da Moldávia” para o efeito através do “ódio à Rússia”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apontando o dedo às autoridades moldavas, Dmitry Medvedev insinuou que as “perspetivas europeias” para o país trará “custos energéticos muito caros” e também originará a “perda do mercado russo” para os produtos agrícolas da Moldávia. Além disso, comentando a decisão de o país querer aplicar sanções contra a Rússia, o ex-Presidente russo afirmou que as autoridades do país estão “a tentar agradar aos seus novos senhores”.

“Vamos deixá-los fazer isso. Eles podem ter 100% de certeza que não receberão nada de nós”, ameaçou Dmitry Medvedev, precisando que a Moldávia poderá ficar sem a “energia” russa, assim como “outros recursos”: “Vamos deixá-los desfrutar das sanções antes de entrar na UE”.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, já reagiu aos avisos russos. “Estamos ao lado das pessoas e do governo amigável da Moldávia”, escreveu na sua conta pessoal do Twitter. Nesta publicação, o chefe da diplomacia ucraniana acusou ainda a Rússia de “deixar ameaças a outros Estados depois de décadas de políticas falhas baseadas na agressão, da coerção e desrespeito”. “Isto apenas mostra a fraqueza da Rússia.”