É mais um dia de intensificação das ofensivas russas, desta vez de volta a Kiev num dia em que os países do G7 se juntam para discutir a guerra na Ucrânia e problemáticas decorrentes, como a crise alimentar e energética. Uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas.
Vladimir Putin parece querer coincidir os ataques à capital com a agenda de líderes políticos ocidentais em que a Ucrânia é ponto de discussão. A jornalista da BBC Myroslava Petsa sintetiza: “Putin atingiu Lviv quando Biden estava a discursar em Varsóvia (Polónia); Putin atingiu Kiev quando [António] Guterres estava na cidade depois de uma viagem a Bucha; Putin atingiu Kiev a uma escala massiva quando os líderes do G7 se reúnem em Elmau para uma cimeira”.
Além de Kiev, as atenções estão viradas para Kharkiv, no leste, numa cidade a menos de 200 quilómetros de Kiev, Cherkasy, e em Sumy, também no leste. No dia anterior, a Rússia conseguiu ocupar na íntegra a cidade de Severodonetsk, no leste do país.
No sábado, Zelensky disse que as tropas russas foram “forçadas a organizar uma chuva de mísseis” em “cidades de todo o país”, devido ao arrastar do conflito.
O que aconteceu durante a tarde e noite?
- Volodymyr Zelensky diz que o Kremlin “já decidiu” que Bielorrússia vai entrar na guerra e, numa afronta ao Presidente bielorrusso, pede à população para se revoltar.
- O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, não acredita, pelo menos para já, que“seja possível haver uma negociação de paz” entre a Rússia e a Ucrânia.
- A Rússia negou qualquer responsabilidade no ataque que resultou na morte de uma pessoa em Kiev. O ministério da Defesa russo alega que atingiu uma fábrica de armas, uma “infraestrutura militar”, afirmando que os acusações feitas pelas autoridades ucranianas são “falsas”.
- O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aproveitou a cimeira do G7 para advertir o Presidente francês, Emmanuel Macron, que resolver o conflito agora na Ucrânia apenas causaria “instabilidade duradoura” na Europa.
- O parlamento da Ucrânia acusou a Rússia de roubar 500 mil toneladas de cereais ucranianos de duas “regiões temporariamente ocupadas”.
- O G7, que reúne as sete maiores economias do mundo, deverá comprometer-se a ajudar a Ucrânia a responder à ofensiva russa “o tempo que for necessário”.
- O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar confiante de que se poderão encontrar soluções para sancionar o setor do ouro russo sem sofrer as consequências dessa decisão.
O que aconteceu durante a madrugada e manhã?
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- Há cerca de três semanas que não acontecia: Kiev voltou a acordar com bombardeamentos russos este domingo, que até ao momento provocaram cinco feridos e um morto. As explosões atingiram um edifício residencial, no distrito de Shevchenkivskiy, onde estavam as vítimas, e parte de um jardim de infância.
- A vítima mortal é o pai de uma criança de sete anos que foi retirada com vida dos escombros e hospitalizada, tal como a mãe, que ficou soterrada “durante horas”. Um dos feridos (não é certo se é esta mulher ou não) tem nacional russa, o que levou um conselheiro governamental ucraniano a expressar: “Os russos atiram sobre os russos”.
- Para o Presidente dos EUA, Joe Biden, os bombardeamentos na capital ucraniana são mais um sinal da “barbárie” da Rússia.
- Os mísseis foram lançados do Mar Cáspio, segundo um porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia, citado pela BBC.
- Mas o dia está a ser marcado por bombardeamentos noutros pontos do país, incluindo Kharkiv, onde as tropas russas “dispararam de forma massiva” durante a noite, segundo as autoridades ucranianas.
- Também na cidade do centro da Ucrânia de Cherkasy foram ouvidas explosões este domingo, de acordo com o governador regional, Oleksandr Skichko. Não há informação sobre eventuais vítimas. Cherkasy localiza-se a cerca de 200 quilómetros a sudeste de Kiev.
- E Sumy, no leste, também foi alvo: o governador da região deu conta de 24 explosões ouvidas este domingo. Foram atingidas as localidades de Shalyhinska e Yunakivska, mas não há feridos a registar.
- Este domingo é dia de G7, e o Governo ucraniano aproveitou para apelar aos países que constituem o grupo para enviarem mais armas e aplicarem mais sanções contra a Rússia.
- Ainda a propósito do G7, o Reino Unido, Estados Unidos da América, Canadá e Japão vão proibir as importações de ouro russo, em novas sanções impostas em resposta à invasão da Ucrânia, anunciou este domingo Downing Street.