O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, defendeu esta segunda-feira a manutenção do mirante ferroviário da Madalena “se for tecnicamente possível”, dizendo ainda que não foi consultado sobre uma reunião da freguesia com a Infraestruturas de Portugal (IP).

“Queremos que o Miradouro se mantenha, se for tecnicamente possível, mas articulando com a sua proprietária e com a IP”, disse esta segunda-feira à Lusa o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), numa declaração escrita enviada à Lusa.

Eduardo Vítor Rodrigues disse ainda que “nem o Presidente da Câmara, nem nenhum dos seus eleitos foram consultados para a realização de uma reunião com a IP, nem para qualquer solução técnica descoberta pela Junta de Freguesia”.

Esta segunda-feira, o presidente da junta da Madalena, Miguel Almeida, disse à Lusa que espera apresentar esta semana à IP uma proposta para manter o mirante ferroviário cuja demolição está prevista para este mês.

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“Olhámos para o projeto e temos uma proposta que vamos apresentar em primeira mão” à IP, disse à Lusa Miguel Almeida, acrescentando que a reunião prevista com a IP contará também com a Câmara Municipal de Gaia e com a Santa Casa da Misericórdia gaiense, anterior proprietária do terreno onde está o mirante.

“Até ao momento, não foi dado nenhum passo por esta junta de freguesia que não tivesse sido conversado e combinado, em certa medida, com a câmara municipal. A coordenação aqui é total”, disse ainda.

Por seu lado, Eduardo Vítor Rodrigues reagiu dizendo que “a Câmara não delegou em ninguém, nem no senhor Presidente da Junta da Madalena, secretariar a agenda do Presidente da Câmara ou o anúncio de presenças em reuniões de trabalho”.

O presidente da Câmara assegurou ainda que não “marcará presença em reuniões onde os serviços técnicos da Junta vão apresentar uma solução ’em primeira mão’ à IP, sem prévio conhecimento da Câmara”.

“Se é uma solução em primeira mão, fica evidente que não houve nenhum trabalho de articulação, mas sim um ímpeto mediático”, disse Eduardo Vítor Rodrigues à Lusa, revelando também que “a Câmara conheceu pela imprensa a vontade do senhor Presidente da Junta pedir uma reunião à IP”.

Segundo o presidente da Câmara de Gaia, “o projeto é conhecido há anos e sobre ele temos trabalhado institucionalmente e com a reserva que estes assuntos impõem”.

“Apenas posso saudar que a Junta de Freguesia da Madalena tenha agora chegado ao assunto, esperando que contribua para soluções e não para exibições políticas”, disse ainda, acrescentando que “conviria que o senhor Presidente da Junta quisesse ser notícia pelo que faz, mais do que pelo que diz que vai fazer”, conclui o texto enviado à Lusa.

No dia 20 de junho, Eduardo Vítor Rodrigues tinha dito que o “assunto da demolição” do mirante ferroviário da Madalena, previsto pela IP na sequência de obras, estava “nas mãos” da junta de freguesia.

“A partir do momento em que o presidente da Junta de Freguesia da Madalena resolveu solicitar uma reunião à IP, situação da qual deu conhecimento público, o município não se vai pôr em bicos de pés e vai deixar o presidente da junta trabalhar e ver o resultado do trabalho dele”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues no final da reunião do executivo municipal.

Em causa está o projeto para a construção de uma passagem superior pedonal junto ao apeadeiro local, que prevê a demolição de um mirante do século XIX.

“Trata-se de um mirante de estilo revivalista, com aspeto de torre castelã, aqui construído posteriormente à construção da linha ferroviária (1864/65), para que dele se pudesse contemplar a passagem dos comboios”, pode ler-se no Estudo do Património Arqueológico e Arquitetónico consultado pela Lusa.

O historiador de arte Francisco Queiroz alertou que o mirante é “dos melhores exemplares no país” e “um exemplo paradigmático de uma tipologia de arquitetura específica de uma época”.

No Plano Diretor Municipal, o mirante ferroviário da Madalena está catalogado como alvo de “proteção integral” de nível I, o mais alto em termos municipais, segundo a informação oficial disponível.