O contexto atual do mercado bolsista é tudo menos estável e, para isso, muito tem contribuído o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a que se junta um pico de inflação e um aumento das taxas de juro. Se a isto acrescentarmos o facto de ainda se estarem a sentir os efeitos da pandemia na economia mundial, facilmente se percebe a instabilidade que se vive no mercado de ações.

Mas, apesar de a incerteza parecer dominar as perspetivas económicas, há formas de conseguir retornos acima do mercado. De acordo com a corretora online Freedom Finance Europe, com presença em Portugal, para tal há que realizar escolhas específicas e assumir riscos, além de que é preciso ter sempre presente que não devemos colocar os ovos todos no mesmo cesto, já que “uma carteira financeira deve combinar todos os tipos de ativos, desde ações, para a geração de rendimentos estáveis, a títulos subvalorizados com potencial para ganhos elevados”. É precisamente nestes últimos – nos títulos subvalorizados – que reside o potencial que deve procurar explorar no momento atual, com vista a aumentar a possibilidade de ganhos.

O que são ações subvalorizadas?

Como o próprio nome indica, os ativos subvalorizados (do termo original inglês undervalued assets) são ações disponíveis no mercado com um valor abaixo do que valem na realidade. Tendo em conta que uma das máximas mais importantes, no que ao investimento diz respeito, aconselha os investidores a comprarem em baixa e venderem em alta, não é de estranhar que estas ações subavaliadas sejam muito apreciadas, tendo em conta o potencial que, em princípio, encerram. Diz-se em princípio, porque o mercado de ações é muito volátil e, como tal, o risco é uma constante. Ainda assim, quando a análise destes títulos é feita por peritos financeiros, os quais concluem tratar-se mesmo de ações subvalorizadas, faz sentido, de acordo com a Freedom Finance Europe, que “os investidores que procuram aumentar o seu capital adicionem ações de algumas dessas empresas às suas carteiras”.

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Quanto devo investir neste tipo de ações?

Como referido anteriormente, o investimento em títulos subvalorizados acarreta riscos, como, aliás, a maioria dos investimentos no mercado de ações. Como tal, o volume de investimento deverá variar sobretudo conforme o perfil do inveconomestidor. No caso de se tratar de um investidor conservador, a Freedom Finance Europe considera que “é suficiente adicionar parcialmente tais ativos a uma carteira”. Já se em causa estiverem investidores que procuram o maior retorno possível, então, estes “podem construir uma carteira de crescimento agressivo”, aconselha a corretora, que elaborou um portefólio de ações subvalorizadas para 2022.

Em que empresas devo investir?

Segundo os peritos da Freedom Finance Europe, estas são algumas das empresas cujas ações estão atualmente subavaliadas, apresentando um potencial de valorização de até 135%, pelo que constituem boas opções de investimento:

Advanced Micro Devices (AMD)

A Advanced Micro Devices é uma multinacional americana de semicondutores, que desenvolve processadores de computador e tecnologia relacionada. Em fevereiro deste ano, concluiu a aquisição da Xilinx, o que veio permitir um aumento dos ganhos da empresa e o seu free cash flow. Logo depois, em abril, levou a cabo uma segunda aquisição, desta vez da empresa Pensando, com o objetivo de acelerar a presença nos mercados cloud, empresarial e de aplicações periféricas. Estão previstas outras aquisições, destinadas a impulsionar o crescimento das receitas da AMD, e é provável que os investidores subestimem as suas receitas e o seu potencial de lucro. Por outro lado, é de esperar que o lançamento de novos produtos, ainda durante este ano, tenha efeito não só junto dos clientes atuais, mas também amplie a capacidade de a empresa atrair novos consumidores, contribuindo para aumentar o seu valor no mercado.

Astra Space (ASTR)

Enquanto empresa espacial privada norte-americana, a Astra Space conseguiu pela primeira vez, em novembro de 2021, que o seu foguetão Astra 0007 descolasse de Kodiak, no Alasca, EUA, e chegasse à órbita. O mercado acolheu este feito com um aumento de 42% no preço das ações. Já este ano, em março, a empresa conseguiu repetir o feito, mas o facto de ter falhado um lançamento no mês anterior fez com que a sua cotação baixasse. Todavia, a Astra Space tem muitos lançamentos programados para 2022, planeando passar da fase de testes para a fase de comercialização, pelo que se prevê que as receitas aumentem até final do ano. A empresa tem uma posição líquida de tesouraria que se estima durar mais dois anos, tornando-a atrativa para os investidores.

Moderna (MRNA)

Ficou sobretudo conhecida devido ao desenvolvimento da vacina Spikevax, contra a Covid-19, sendo de esperar que a importância desta vacina não venha a diminuir no futuro, bem pelo contrário. Na verdade, a Moderna acredita que o vírus está a avançar para uma fase endémica e a humanidade terá de aprender a viver com ele, o que passará sempre pelo uso de vacinas. Atualmente, a Moderna conta já com encomendas avultadas da Spikevax para 2022 e para 2023. Por outro lado, decorrem atualmente na empresa 44 programas clínicos de investigação, dos quais se destacam o de uma vacina contra a gripe e de uma vacina contra o VIH. Espera-se que os lançamentos bem-sucedidos façam subir o valor das suas ações.

GitLab (GTLB)

A GitLab é uma plataforma de desenvolvimento focada no sistema Git de código aberto, o qual é um código crucial para a construção da próxima geração de aplicações. Tem, portanto, um elevado potencial para continuar a crescer, considerando-se que a oportunidade de mercado para a GitLab no mercado de DevOps é de cerca de 40 mil milhões de dólares.

Rivian Automotive (RIVN)

A Rivian produziu 2553 veículos elétricos no primeiro trimestre de 2022 e planeia aumentar a produção até ao final do ano. A sua parceria com a Amazon proporciona uma vantagem competitiva, uma vez que garante um cash flow estável da empresa e aumenta a confiança na marca. A Rivian está a negociar com uma baixa valorização de apenas 5,3x a sua futura carteira de encomendas, pelo que o único grande obstáculo ao sucesso da empresa é a atual perturbação na cadeia de fornecimento.

Sibanye-Stillwater Limited (SBSW)

Com sede na África do Sul, a multinacional Sibanye-Stillwater é a maior produtora primária mundial de platina, a segunda maior de paládio e a terceira maior produtora de ouro. Quem deseja proteger-se contra a volatilidade da moeda poderia olhar para a platina e rapidamente perceberia que este metal mantém-se aos níveis de 2016 devido à fraca produção global de veículos. Mas as ameaças às exportações russas ou a procura renovada por parte dos investidores poderiam acabar com o excedente. As ações da Sibanye-Stillwater têm uma valorização extremamente baixa em comparação com o mercado e os seus pares. O seu rendimento em dividendos é de 8%. A empresa também beneficia de uma forte posição de cash e bons níveis de endividamento, além de que tem planos para reduzir as despesas de capital nos próximos anos.

WeWork (WE)

A WeWork é uma empresa fornecedora de espaços de coworking, incluindo espaços partilhados físicos e virtuais. A empresa expandiu-se bastante do ponto de vista financeiro, dando prioridade ao crescimento em detrimento da rentabilidade e da estabilidade, e esteve perto do colapso. Mas tem um produto interessante e que se revelou surpreendentemente resistente no período pós-pandémico. A capitalização atual de cerca de 4,4 mil milhões de dólares oferece um potencial de crescimento. Se, a dada altura, a empresa conseguir atingir mais de 90% de utilização, o stock poderá aumentar várias vezes o seu preço atual.

Segundo a Freedom Finance Europe, apostar em ações destas sete empresas pode trazer ao investidor elevados ganhos, no entanto, a corretora sublinha que esta opção “envolve um risco elevado”. Como tal, aconselha o investidor a proteger-se contra perdas “através da diversificação”. E, mais importante, a “estudar para compreender melhor as características dos diferentes sectores e o seu impacto nas empresas”.