O Banco Central Europeu (BCE) volta a realizar esta segunda-feira em Sintra, no distrito de Lisboa, o seu fórum anual, este ano dedicado aos desafios para a política monetária num mundo em rápida mudança.

Após dois anos realizado por meios telemáticos devido à pandemia, a cimeira de três dias regressa a Sintra de forma presencial, conforme anos anteriores.

O tema deste ano foi alterado para refletir os recentes desenvolvimentos globais e a cimeira irá debater os desafios que a economia da área do euro enfrenta atualmente.

A inflação mais alta, principalmente como resultado do aumento dos preços da energia, a escassez de oferta relacionada com pandemia e libertação da procura reprimida, criou um ambiente difícil e incerto para os bancos centrais a nível global. E a invasão da Ucrânia pela Rússia complicou ainda mais as perspetivas económicas, principalmente para a Europa”, destaca o BCE, na sua página dedicada à cimeira.

Governadores de bancos centrais, académicos, economistas e representantes dos mercados financeiros irão analisar as implicações destes fatores na economia da zona euro no contexto global, incluindo tendências que parecem ter sido reforçadas pela pandemia, e como podem afetar a política monetária no futuro.

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O objetivo, assinala a organização, é debater, nomeadamente, no que toca à inflação na zona euro, o papel das redes internacionais de produção e fatores-chave no comportamento dos preços da energia, incluindo desenvolvimentos geopolíticos e mudanças nas estruturas de oferta.

Quanto à formulação da política monetária, o impacto das expectativas de inflação e dos booms imobiliários também serão tema de debate, estando ainda previstas sessões sobre novas tecnologias, bem como as moedas digitais dos bancos centrais no atual ambiente global e as características de um potencial euro digital.

O início da cimeira ficará marcado por um jantar e as boas-vindas da presidente do BCE, Christine Lagarde, seguida por um discurso de Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio.

Na terça-feira, o fórum arranca com um discurso de Lagarde, estando previstas para essa manhã uma sessão sobre globalização e mercado de trabalho, moderada pelo economista-chefe do BCE, Philip Lane, e por uma outra sobre a volatilidade dos preços da energia e um painel sobre o projeto do euro digital.

Já na quarta-feira, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, irá moderar um debate sobre a política monetária e o boom do imobiliário, bem como uma sessão sobre as cadeias de valor globais, os constrangimentos no abastecimento e o comércio internacional.

Haverá ainda um painel sobre as expectativas de inflação na formulação de política monetária, moderada por Isabel Schnabel, membro do conselho executivo do BCE.

No mesmo dia pela tarde o ponto alto será o painel no qual irão participar além de Lagarde, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, e o diretor-geral do Banco de Pagamentos Internacionais, Agustín Carstens.

Sintra recebe desde 2013 o fórum anual do BCE, que replica o modelo que a Fed estabeleceu desde 1978 na cidade de Jackson Hole, no estado do Kansas, nos Estados Unidos.