O biólogo e investigador brasileiro Alexander Turra disse esta segunda-feira em Lisboa que “o oceano está doente porque a sociedade está doente”, correlacionando a poluição marinha com a pobreza, que “é uma doença do mundo”.

Alexander Turra, que leciona no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, no Brasil, falava na Conferência dos Oceanos da ONU, numa sessão de debate dedicada à poluição marinha.

Segundo o especialista em sustentabilidade dos oceanos, a poluição marinha será “uma evidência” do “malogro” de todos “enquanto humanidade” se não for combatida em várias frentes, se não se pensar também na pobreza, na desigualdade de distribuição de rendimentos.

Turra exemplificou que muito do lixo marinho produzido no Brasil tem como origem “populações que vivem em habitações que não são dignas, não têm saneamento básico”.

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“Temos de deixar de lado a entropia e avançar com empatia na nossa capacidade de partilhar, colaborar de forma equitativa”, apelou, considerando ser “um desafio” ter um “regime de governação que possa atuar em todos os pequenos lugares do mundo”, uma vez que em alguns locais do planeta, sobretudo no hemisfério sul, a ação “é extremamente difícil”.

Para Alexander Turra, o combate ao lixo marinho, quer o provocado por plásticos quer por outras fontes poluentes, exige conhecimento e monitorização científicos, literacia das populações sobre os oceanos, envolvendo-as nas ações, e políticas governativas.

A Conferência dos Oceanos da ONU 2022 decorre até sexta-feira em Lisboa, é coorganizada por Portugal e Quénia e pretende impulsionar esforços globais de proteção dos oceanos.