Jovens do movimento ambientalista “Greve Climática Estudantil” iniciaram na tarde desta terça-feira uma vigília em Lisboa para protestar contra o que consideram “inação climática” dos líderes reunidos na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que decorre na capital portuguesa.

Com cinco tendas montadas no Parque das Nações, o mais perto possível do local onde decorre a conferência da ONU, os jovens vão ficar no local toda a noite, num protesto também contra a presença de “líderes fósseis” na iniciativa da ONU, que Portugal organiza.

” É um protesto contra a presença de líderes fósseis mundiais e nacionais”, que não têm verdadeiro interesse em cortar emissões (de gases com efeito de estufa), nem de limitar o aquecimento global, e simplesmente têm interesse em continuar a pôr o lucro e os interesses económicos acima da vida e das gerações mais novas”, disse à Agência Lusa uma das organizadoras da iniciativa, Alice Gato.

A jovem, ativista do movimento “Greve Climática Estudantil”, salientou que se realizam há décadas conferências mundiais pelo clima, “com as mesmas personalidades e a mesma falta de ambição”, das quais não saem acordos vinculativos nem verdadeiros compromissos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

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“Sabemos da existência de alterações climáticas desde os anos 1970 e as emissões apenas continuam a aumentar, porque não há planos radicais para mudar tudo, antes que tudo mude por nós”, disse Alice Gato, que apontou como exemplo de “líder fóssil” o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que, defendeu, deveria ser demitido.

O ministro, afirmou a jovem, foi escolhido para reerguer o país e quer fazê-lo com subsídios às empresas de combustíveis fósseis, com exploração de gás, “que se está a vender como energia renovável quando na verdade é um combustível fóssil” e com o aumento do porto de Sines para receber mais gás natural liquefeito.

“Entre outros projetos suicidas, que nos vão levar ao abismo climático e social. Mas nós não vamos deixar”, afirmou a ativista.

Alice Gato salientou repetidamente que não é possível salvar os oceanos sem proibir os combustíveis fósseis e sem cortar emissões, e que é preciso cortar as emissões para metade em oito anos, mas que nada está a ser feito.

Na noite desta terça-feira os jovens portugueses vão ter encontros com ativistas de outros movimentos e de outros países, e preparar as próximas ações, que incluem, disse Alice Gato, perturbações das aulas no início do próximo ano letivo. Um dos cartazes colocados no local da vigília tem a frase “Fim ao fóssil. Set. Out. Ocupa”.

Os jovens ativistas avisam que os líderes mundiais, responsáveis pelo aumento de emissões e por isso pelo aquecimento global, não podem apenas pedir desculpa.

Apelando para que a sociedade se junte à iniciativa, Alice Gato, estudante da Universidade Nova de Lisboa, disse que no final da vigília os jovens terão uma ação denominada “contra os fósseis lutar, para não afogar!”, e que o movimento estará presente também, na tarde de quarta-feira, numa outra manifestação, a Marcha Azul pelo Clima, que está marcada para o Parque das Nações.