Conforme já aqui tínhamos noticiado, a Mercedes prepara-se para fazer sair de cena os seus modelos mais baratos, o que na gama da marca da estrela encontra representação nos A e B. Porém, nem todas as variantes estão sentenciadas de morte. De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, só resistirão os modelos cuja procura ainda justifica a sua continuidade na linha de produção, nomeadamente os SUV GLA e GLB, bem como o CLA, que inclusivamente terá direito a uma nova geração, mantendo as variantes coupé de quatro portas e shooting brake.

Foi o próprio patrão da Mercedes que divulgou, no mês passado, a intenção da marca alemã de reduzir o seu portefólio. Contudo, na altura, Ola Källenius não concretizou quais os modelos sob o qual pende o machado. A abrir o mês de Junho, uma nova comunicação acerca da estratégia da marca a longo prazo avançava que a gama de entrada passaria a focar-se “em apenas quatro variantes de modelos com posicionamento elevado em comparação com o actual, enquanto a nova variante de entrada será redefinida”. Portanto, faltavam nomes e datas, lacuna essa que a referida publicação germânica preencheu, com base em fontes conhecedoras do plano de produto: o Classe A, nas variantes hatchback e berlina, e o monovolume Classe B estão condenados a desaparecer. O que acontecerá, o mais tardar, até 2025.

Este “prazo de validade” é crível, na medida em que a actual geração do Classe A surgiu em 2018/19, primeiro com o hatchback e depois com o sedan. Veio substituir a terceira geração deste modelo, concorrente do BMW Série 1 e do Audi A3, que tinha sido lançada em 2012. Ou seja, a terceira geração do Classe A durou seis anos, a actual (4.ª) já está há cinco anos no mercado… E o problema reside, em boa parte, na carreira comercial do popular Classe A, que até “sai” bem no mercado europeu, mas fora do Velho Continente não exerce grande apelo. Depois, a apetência crescente dos consumidores pelos SUV permitiu ao GLA canibalizar as vendas do Classe A. E o Classe B, também lançado em 2019, foi vítima do mesmo “feitiço”, enfrentando a concorrência interna do GLB, que se revela mais capaz de atrair clientes. Até porque, em grande medida, os monovolumes passaram a ser encarados como uma “coisa” do passado.

Para o futuro, a Mercedes aposta numa nova plataforma para o segmento “Luxo de Entrada”, substituindo a actual MFA (Modular Front Architecture) pela nova MMA (Mercedes Modular Architecture), uma base que alegadamente dará prioridade a baterias e motores eléctricos, mas que não exclui mecânicas híbridas plug-in. Como não estará pronta antes de 2024, a marca de Estugarda ainda concede numa “reanimação” dos Classe A e B, que vão ser alvo de um facelift este ano.

Voltando ao “patrão” da Mercedes, Källenius quer a marca a produzir menos e a ganhar mais. Daí que tenha revisto a meta do seu antecessor no cargo, Dieter Zetsche, suprimindo meio milhão às vendas anuais. Em vez de 3 milhões, Källenius aponta para 2,5 milhões, corte que quer compensar com o crescimento das vendas nos segmentos mais caros – os mais lucrativos. Estimativas à parte, o desaparecimento do Classe A vai ser um rude golpe para os clientes europeus, que tinham neste modelo a alternativa mais barata para aceder à marca.

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