O Presidente da República afirmou esta quinta-feira que “é preciso saber esperar”, recusando por enquanto fazer comentários sobre a situação do ministro das Infraestruturas e a solução aeroportuária para a região de Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas quando passeava a pé com o Presidente francês, Emmanuel Macron, no Parque das Nações, em Lisboa, onde decorre a 2.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.

“É preciso saber esperar, é uma qualidade fundamental”, respondeu o chefe de Estado aos jornalistas, primeiro em francês e depois em português, com Macron ao seu lado.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é uma alegria ter aqui o Presidente Macron, é um grande amigo de Portugal, um grande amigo dos portugueses” e destacou o seu anúncio de uma próxima Conferência dos Oceanos em 2025 organizada em conjunto pela França e pela Costa Rica.

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“É no fundo um passo mais, um salto no mesmo caminho, na proteção dos oceanos. O resto, vamos esperar”, acrescentou.

Os dois chefes de Estado caminharam lado a lado durante cerca de quinze minutos em frente ao Tejo, junto ao Oceanário de Lisboa.

Pelo caminho, rodeados pelas respetivas comitivas e pela comunicação social, pararam para conversar e tirar fotografias com algumas pessoas, portugueses, brasileiros e franceses em férias.

Marcelo Rebelo de Sousa falou pouco antes da declaração do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que se responsabilizou por “erros de comunicação”, mas afirmou que irá manter-se em funções.

O primeiro-ministro, António Costa, “determinou ao ministro das Infraestruturas a revogação do despacho publicado na quarta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa.

Costa revoga decisão de Pedro Nuno sobre o novo aeroporto

Em comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa reafirmou que “a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República”.

Na quarta-feira, foi publicado em Diário da República um despacho assinado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, sobre a “definição de procedimentos relativos ao desenvolvimento da avaliação ambiental estratégica do Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa”.

Entre outras medidas, o despacho determina o “estudo da solução que visa a construção do aeroporto do Montijo, enquanto infraestrutura de transição, e do novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, nas suas várias áreas técnicas”.

Informação atribuída ao Ministério das Infraestruturas indicava que o Governo tinha decidido avançar com esta solução, prevendo que o aeroporto do Montijo entrasse em atividade no fim de 2026 e o de Alcochete em 2035, altura em que seria desativado o Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa.

Na quarta-feira à noite, o próprio ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, assumiu esta solução em entrevistas à RTP e à SIC Notícias.

Depois de uma série de audiências durante a tarde de quarta-feira, interrogado pelos jornalistas sobre este assunto, o Presidente da República afirmou desconhecer os “contornos concretos” da nova solução aeroportuária do Governo para a região de Lisboa, observando que “foi ajustada agora”, e recusou comentá-la sem ter mais informação.

Questionada pela Lusa, fonte próxima do presidente eleito do PSD disse que Luís Montenegro “não foi informado de nada”.

O primeiro-ministro, António Costa, tinha declarado no parlamento, na semana passada, que aguardava a decisão do presidente do PSD sobre a localização do novo aeroporto para que houvesse “consenso nacional suficiente” tendo em vista uma decisão “final e irreversível” sobre esta matéria.